“A pandemia evidenciou muito o papel da pesquisa”, diz neurocentista

Publicado em 14 de fevereiro de 2022

A pandemia provocada pelo vírus SARS-COV-2 transformou o planeta, e a pesquisa científica não passou imune à essa transformação. Em todo o mundo, pesquisadores que trabalhavam no desenvolvimento de serviços, produtos e pesquisas nas mais diversas áreas tiveram de se afastar dos laboratórios por tempo indeterminado a  partir de março de 2019 para cumprir as recomendações de isolamento determinadas pelas organizações de saúde. 

As mudanças não se limitaram às rotinas e ao espaço de trabalho. O mundo da pesquisa não ficou alheio à perda das mais de 635 mil vidas brasileiras, como o professor do Departamento de Química da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Luiz Di Souza, de 61 anos, homenageado por colegas e estudantes pela contribuição especialmente no campo da popularização da ciência. 

O impacto da crise econômica também foi sentido pelas famílias de milhares de estudantes, e os cortes significativos nos orçamentos governamentais destinados às pesquisas científicas foram sentidos com maior intensidade..

Isso, no entanto, não foi tudo: houve também colaboração. Estudantes e pesquisadores de áreas distintas, passaram a dialogar para conhecer melhor como a ciência poderia contribuir diante do cenário nacional. 

Alunos de engenharia e informática voltaram os conhecimentos para a produção de Equipamentos de Proteção Individual para profissionais da saúde. Centros de pesquisa direcionaram todos os recursos humanos para descobrir como fazer com que a falta mundial de equipamentos hospitalares e respiratórios fosse menos sentida no Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro. 

Passados quase dois anos desde o primeiro caso registrado de covid-19 no Brasil, o cenário nacional é outro, e o mundo da pesquisa também. O vírus que infectou mais de 21 milhões de brasileiros deixou sequelas. Fadiga, dores de cabeça e problemas de memória são relatados por pacientes que tiveram dos casos mais graves, aos que apresentaram sintomas brandos. 

Sobre as mudanças provocadas pela pandemia no segmento da pesquisa científica, os impactos da Covid-19 na neurociência e os desafios para os pesquisadores no cenário atual, a equipe de reportagem entrevistou Edgard Morya, gerente do Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra (IIN-ELS), em Macaíba (RN). 

 

Confira a entrevista abaixo:

 

Qual foi o impacto da pandemia na forma como se faz pesquisa?

Eu vejo a pandemia influenciando nas pesquisas no Brasil inteiro e no mundo de diversas formas. A primeira, é o ponto negativo, que foi atrapalhando as pesquisas. Os pesquisadores e alunos não puderam ir ao laboratório e muito teve de ser interrompido ou atrasado. Mas houve uma fase seguinte, que teve aspectos muito bons: os pesquisadores se juntaram, pessoas de diferentes áreas, e começaram a trabalhar para fazer com que a ciência, de alguma forma, ajudasse em diversos campos da saúde em geral no Brasil. Muitos pesquisadores se juntaram para propor soluções para o país. Esse foi o principal impacto positivo. Ainda assim, o impacto foi muito negativo para os laboratórios com menos condições, onde os alunos acabaram com prejuízos em suas pesquisas e teses. As fases foram distintas no país inteiro. O que é importante é o Brasil ter um projeto de país para fazer com que, mesmo os laboratórios que têm menos recursos ou estão mais distantes de alguns centros, eles também possam fazer pesquisa mesmo na pandemia. Então, a pandemia no momento atual faz com que o aluno, em qualquer lugar do país e do mundo, possa entrar em contato com alguém, e os pesquisadores, e eu percebo isso no mundo inteiro, estão muito abertos a esse tipo de colaboração, coisa que antes da pandemia era um pouco mais difícil, ainda assim se pensava um pouco mais em um contato presencial. Nesse aspecto também foi algo positivo para o mundo da pesquisa, pois consistiu em acabar com o limite geográfico. Hoje, a gente interage com pessoas do mundo inteiro. 

 

Muito se discutiu sobre ciência ao longo desses anos de pandemia. Discursos que invalidam vacinas, por exemplo, ganharam espaço no cenário internacional. O que isso diz sobre a percepção que se tem da ciência e do que faz um pesquisador? Essa percepção foi modificada durante a pandemia?

Esse é o ponto principal em relação à pesquisa quando a gente pensa qual é o papel dela no planeta. Quando a gente forma alunos para a pesquisa, qual é o nosso papel? É apenas produzir conhecimento? Quem está no laboratório desenvolvendo pesquisas, produtos, soluções, serviços, não precisa só desenvolver um artigo científico. A gente precisa fazer com que essa informação chegue à sociedade. Para fazer com que isso realmente aconteça, as pessoas precisam divulgar mais, facilitar o acesso à informação. A pandemia evidenciou muito o papel da pesquisa e sua importância para o país e para o mundo. E, com isso, ela vai ter mais interesse e começar a perguntar mais. A gente precisa fazer com que os alunos desde o Ensino Fundamental, o Ensino Médio, questionem mais, porque isso vai fazer com que o professor naturalmente colha mais informações para levar para esses alunos. Se a gente conseguir fazer com que isso vire um loop infinito, a gente vai fazer com que o país melhore. A gente precisa investir na pesquisa, mas fazer com que essa informação e esse conhecimento cheguem na sociedade. Nisso, os pesquisadores e alunos que estão se formando no mestrado, no doutorado, precisam atuar ativamente para fazer com que o conhecimento que está sendo produzido no laboratório chegue de forma mais acessível à população. 

 

Dois anos após a chegada da pandemia ao Brasil, muitos pacientes relatam sequelas neurológicas após contraírem a covid-19. O que isso significa para o mundo da neurociência ao longo dos próximos anos?

Com a pandemia, nós passamos por duas fases: a primeira, foi a fase aguda, em que o foco estava nos problemas respiratórios e em salvar vidas. Passada essa fase, o que estamos vendo agora, tanto em pacientes que foram hospitalizados e passaram por UTI como em pacientes que tiveram sintomas muito leves são vários casos de reclamação sobre a memória, o cansaço, a fadiga. O que nós vamos precisar entender por meio das pesquisas científicas nos próximos anos é: qual é o impacto do SARS-COV-2 no sistema nervoso, seja no cérebro ou na periferia, porque isso, daqui a um ou dois anos poderá ter um impacto seja nas crianças, que tiveram sintomas muito leves, mas que podem desenvolver algo que ainda não sabemos, seja em pessoas mais idosas, em quem a gente já conhece um pouco mais dessas alterações. Nós já temos como fazer algo no Sistema Único de Saúde, por exemplo, para começar a antecipar o que vai chegar daqui a algum tempo. Se essas alterações de memória, fadiga e cansaço aumentarem, a gente já tem como prevenir e tomar decisões mais acertadas em relação a isso. Nesse momento, a gente precisa começar a pensar não só em quando a pandemia passar, mas sim nas coisas que já estão acontecendo e que dão indícios do que virá no ano que vem. Por isso, precisamos tomar providências já neste ano. 

 

Como o senhor mencionou, muitos dos sintomas de condições neurodegenerativas já são mais conhecidos em pessoas idosas, independente de terem contraído a Covid-19 ou não. Com o envelhecimento e aumento de expectativa de vida da população, qual será o papel das pesquisas voltadas para estudos em reabilitação e  prevenção dessas condições? 

No Brasil, nós já sabemos que há 150 anos, a expectativa de vida era de 35 a 40 anos. Agora, nós estamos com a expectativa de vida de 80 anos, nós estamos vivendo praticamente o dobro. Então, nós sabemos também que, se você vive mais, você tem mais chances de ter doenças neurodegenerativas. Ao invés de ficar esperando essa sobrecarga no SUS, as pesquisas agora podem investir nisso para amenizar esse impacto, seja na prevenção, ou na melhor forma de reabilitação, para que as pessoas tenham uma qualidade de vida e não sobrevivam em função da doença pelo resto da vida. Então, a gente precisa  melhorar a forma de agir inclusive na prevenção e no tratamento no Brasil. 

 

Quem

Edgard Morya é Bacharel em Fisioterapia pela Universidade de São Paulo (USP), com Doutorado em Fisiologia Humana pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo e Pós-Doutorado em Fisiologia Humana pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo. Atualmente é gerente do Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra (IIN-ELS), uma das duas unidades do Instituto Santos Dumont (ISD) em Macaíba, no Rio Grande do Norte. 

Texto: Mariana Ceci / Ascom – ISD

Foto: Mariana Ceci / Ascom – ISD

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

Instituto Santos Dumont (ISD)

É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

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A pandemia provocada pelo vírus SARS-COV-2 transformou o planeta, e a pesquisa científica não passou imune à essa transformação. Em todo o mundo, pesquisadores que trabalhavam no desenvolvimento de serviços, produtos e pesquisas nas mais diversas áreas tiveram de se afastar dos laboratórios por tempo indeterminado a  partir de março de 2019 para cumprir as recomendações de isolamento determinadas pelas organizações de saúde. 

As mudanças não se limitaram às rotinas e ao espaço de trabalho. O mundo da pesquisa não ficou alheio à perda das mais de 635 mil vidas brasileiras, como o professor do Departamento de Química da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Luiz Di Souza, de 61 anos, homenageado por colegas e estudantes pela contribuição especialmente no campo da popularização da ciência. 

O impacto da crise econômica também foi sentido pelas famílias de milhares de estudantes, e os cortes significativos nos orçamentos governamentais destinados às pesquisas científicas foram sentidos com maior intensidade..

Isso, no entanto, não foi tudo: houve também colaboração. Estudantes e pesquisadores de áreas distintas, passaram a dialogar para conhecer melhor como a ciência poderia contribuir diante do cenário nacional. 

Alunos de engenharia e informática voltaram os conhecimentos para a produção de Equipamentos de Proteção Individual para profissionais da saúde. Centros de pesquisa direcionaram todos os recursos humanos para descobrir como fazer com que a falta mundial de equipamentos hospitalares e respiratórios fosse menos sentida no Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro. 

Passados quase dois anos desde o primeiro caso registrado de covid-19 no Brasil, o cenário nacional é outro, e o mundo da pesquisa também. O vírus que infectou mais de 21 milhões de brasileiros deixou sequelas. Fadiga, dores de cabeça e problemas de memória são relatados por pacientes que tiveram dos casos mais graves, aos que apresentaram sintomas brandos. 

Sobre as mudanças provocadas pela pandemia no segmento da pesquisa científica, os impactos da Covid-19 na neurociência e os desafios para os pesquisadores no cenário atual, a equipe de reportagem entrevistou Edgard Morya, gerente do Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra (IIN-ELS), em Macaíba (RN). 

 

Confira a entrevista abaixo:

 

Qual foi o impacto da pandemia na forma como se faz pesquisa?

Eu vejo a pandemia influenciando nas pesquisas no Brasil inteiro e no mundo de diversas formas. A primeira, é o ponto negativo, que foi atrapalhando as pesquisas. Os pesquisadores e alunos não puderam ir ao laboratório e muito teve de ser interrompido ou atrasado. Mas houve uma fase seguinte, que teve aspectos muito bons: os pesquisadores se juntaram, pessoas de diferentes áreas, e começaram a trabalhar para fazer com que a ciência, de alguma forma, ajudasse em diversos campos da saúde em geral no Brasil. Muitos pesquisadores se juntaram para propor soluções para o país. Esse foi o principal impacto positivo. Ainda assim, o impacto foi muito negativo para os laboratórios com menos condições, onde os alunos acabaram com prejuízos em suas pesquisas e teses. As fases foram distintas no país inteiro. O que é importante é o Brasil ter um projeto de país para fazer com que, mesmo os laboratórios que têm menos recursos ou estão mais distantes de alguns centros, eles também possam fazer pesquisa mesmo na pandemia. Então, a pandemia no momento atual faz com que o aluno, em qualquer lugar do país e do mundo, possa entrar em contato com alguém, e os pesquisadores, e eu percebo isso no mundo inteiro, estão muito abertos a esse tipo de colaboração, coisa que antes da pandemia era um pouco mais difícil, ainda assim se pensava um pouco mais em um contato presencial. Nesse aspecto também foi algo positivo para o mundo da pesquisa, pois consistiu em acabar com o limite geográfico. Hoje, a gente interage com pessoas do mundo inteiro. 

 

Muito se discutiu sobre ciência ao longo desses anos de pandemia. Discursos que invalidam vacinas, por exemplo, ganharam espaço no cenário internacional. O que isso diz sobre a percepção que se tem da ciência e do que faz um pesquisador? Essa percepção foi modificada durante a pandemia?

Esse é o ponto principal em relação à pesquisa quando a gente pensa qual é o papel dela no planeta. Quando a gente forma alunos para a pesquisa, qual é o nosso papel? É apenas produzir conhecimento? Quem está no laboratório desenvolvendo pesquisas, produtos, soluções, serviços, não precisa só desenvolver um artigo científico. A gente precisa fazer com que essa informação chegue à sociedade. Para fazer com que isso realmente aconteça, as pessoas precisam divulgar mais, facilitar o acesso à informação. A pandemia evidenciou muito o papel da pesquisa e sua importância para o país e para o mundo. E, com isso, ela vai ter mais interesse e começar a perguntar mais. A gente precisa fazer com que os alunos desde o Ensino Fundamental, o Ensino Médio, questionem mais, porque isso vai fazer com que o professor naturalmente colha mais informações para levar para esses alunos. Se a gente conseguir fazer com que isso vire um loop infinito, a gente vai fazer com que o país melhore. A gente precisa investir na pesquisa, mas fazer com que essa informação e esse conhecimento cheguem na sociedade. Nisso, os pesquisadores e alunos que estão se formando no mestrado, no doutorado, precisam atuar ativamente para fazer com que o conhecimento que está sendo produzido no laboratório chegue de forma mais acessível à população. 

 

Dois anos após a chegada da pandemia ao Brasil, muitos pacientes relatam sequelas neurológicas após contraírem a covid-19. O que isso significa para o mundo da neurociência ao longo dos próximos anos?

Com a pandemia, nós passamos por duas fases: a primeira, foi a fase aguda, em que o foco estava nos problemas respiratórios e em salvar vidas. Passada essa fase, o que estamos vendo agora, tanto em pacientes que foram hospitalizados e passaram por UTI como em pacientes que tiveram sintomas muito leves são vários casos de reclamação sobre a memória, o cansaço, a fadiga. O que nós vamos precisar entender por meio das pesquisas científicas nos próximos anos é: qual é o impacto do SARS-COV-2 no sistema nervoso, seja no cérebro ou na periferia, porque isso, daqui a um ou dois anos poderá ter um impacto seja nas crianças, que tiveram sintomas muito leves, mas que podem desenvolver algo que ainda não sabemos, seja em pessoas mais idosas, em quem a gente já conhece um pouco mais dessas alterações. Nós já temos como fazer algo no Sistema Único de Saúde, por exemplo, para começar a antecipar o que vai chegar daqui a algum tempo. Se essas alterações de memória, fadiga e cansaço aumentarem, a gente já tem como prevenir e tomar decisões mais acertadas em relação a isso. Nesse momento, a gente precisa começar a pensar não só em quando a pandemia passar, mas sim nas coisas que já estão acontecendo e que dão indícios do que virá no ano que vem. Por isso, precisamos tomar providências já neste ano. 

 

Como o senhor mencionou, muitos dos sintomas de condições neurodegenerativas já são mais conhecidos em pessoas idosas, independente de terem contraído a Covid-19 ou não. Com o envelhecimento e aumento de expectativa de vida da população, qual será o papel das pesquisas voltadas para estudos em reabilitação e  prevenção dessas condições? 

No Brasil, nós já sabemos que há 150 anos, a expectativa de vida era de 35 a 40 anos. Agora, nós estamos com a expectativa de vida de 80 anos, nós estamos vivendo praticamente o dobro. Então, nós sabemos também que, se você vive mais, você tem mais chances de ter doenças neurodegenerativas. Ao invés de ficar esperando essa sobrecarga no SUS, as pesquisas agora podem investir nisso para amenizar esse impacto, seja na prevenção, ou na melhor forma de reabilitação, para que as pessoas tenham uma qualidade de vida e não sobrevivam em função da doença pelo resto da vida. Então, a gente precisa  melhorar a forma de agir inclusive na prevenção e no tratamento no Brasil. 

 

Quem

Edgard Morya é Bacharel em Fisioterapia pela Universidade de São Paulo (USP), com Doutorado em Fisiologia Humana pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo e Pós-Doutorado em Fisiologia Humana pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo. Atualmente é gerente do Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra (IIN-ELS), uma das duas unidades do Instituto Santos Dumont (ISD) em Macaíba, no Rio Grande do Norte. 

Texto: Mariana Ceci / Ascom – ISD

Foto: Mariana Ceci / Ascom – ISD

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Instituto Santos Dumont (ISD)

É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

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