Varíola dos Macacos: gestantes e puérperas devem adotar cuidados para prevenção, alerta Ministério da Saúde

Publicado em 16 de agosto de 2022

A incidência de casos de varíola dos macacos (Monkeypox) no Brasil tem sido motivo de preocupação para profissionais da área da saúde, especialmente em grupos de gestantes, lactantes e puérperas. Esse destaque é dado considerando que o sistema imunológico fica mais vulnerável durante esses estágios, como reflexo das mudanças que ocorrem no corpo para gestar um novo organismo. Na nota técnica Nº 46/2022, o Ministério da Saúde divulgou orientações que devem ser seguidas para a prevenção da doença por pessoas que integram esse grupo. Até o momento, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde Pública do RN (Sesap RN), não há casos registrados de varíola dos macacos em gestantes no Rio Grande do Norte. 

 

Dentre as orientações do Ministério da Saúde, estão: manter o uso de máscaras, principalmente em ambientes com pessoas potencialmente contaminadas; afastar-se de pessoas que apresentem sintomas suspeitos como febre e lesões na pele; usar preservativo em todos os tipos de relações sexuais; observar se o parceiro sexual apresenta alguma lesão na área genital e, se houver, não ter contato e procurar assistência médica caso apresente algum sintoma suspeito.

 

Com a nota técnica, o MS inclui as gestantes entre os três grupos populacionais de maior risco para formas graves da doença, juntamente à crianças menores de 8 anos e pessoas imunossuprimidas. A preceptora ginecologista e obstetra do Instituto Santos Dumont (ISD), Thaíse Lopes, explica que a gestante é incluída dentro do público de maior vulnerabilidade e de alto risco, primeiramente, por se tratar de uma doença sobre a qual não existem tantas publicações na literatura ou recursos para estudo, o que se soma ao fato da gestante se mostrar imunossuprimida durante o período de gravidez, tendo maior vulnerabilidade para doenças infectocontagiosas.

 

“Existe também a questão da varíola humana, que já está erradicada, mas pelo fato do vírus da varíola dos macacos ser da mesma família, há uma similaridade no fator causador, então ela também se mostra como uma doença de alto risco. Na literatura, quatro casos foram descritos com desfechos desfavoráveis, um com um aborto, dois com parto prematuro, e um com uma morte fetal. Então, por esses riscos aumentados, ela foi classificada como uma doença de alto risco para gestantes”, explica a preceptora Thaíse Lopes. 

 

A vulnerabilidade específica do grupo de gestantes e puérperas foi evidenciada durante a pandemia de covid-19. Dados da Sesap apontam que em 2020, foram registrados 3 óbitos de gestantes em decorrência de covid-19 no RN, número que subiu para 23 em 2021, um aumento percentual de mais de 600%. Mesmo passando por fases de flexibilização de medidas de isolamento social e disponibilização de vacinas, a covid-19 continua tendo um agravante em relação a esse grupo, agora somada aos riscos de infecção da varíola dos macacos.

 

Segundo o Ministério da Saúde, os dados disponíveis sobre a varíola dos macacos são limitados devido a desafios socioeconômicos e conflitos civis em muitos dos países onde a doença é endêmica. Entretanto, a varíola dos macacos pode levar a resultados adversos, como óbito fetal e abortamento espontâneo, com pontos de atenção específicos ao período de gravidez e saúde do feto. No Brasil, até o dia 26 de julho, 868 casos de varíola dos macacos já haviam sido confirmados. 

 

Outro ponto ressaltado pela médica Thaíse Lopes é a necessidade de um diagnóstico precoce, durante o início da infecção, a partir de suspeitas de lesões de pele, febre, ou outros sintomas associados à varíola dos macacos que a gestante apresentar. Para esse processo, o contato e comunicação constante com a rede de atenção básica é fundamental. 

 

“A atenção básica é a porta de entrada para qualquer pessoa. É ela que está mais próxima da casa e da família do paciente. São os agentes de saúde, chefes de enfermagem, enfermeiros e o próprio médico da família, que estão mais perto e conhecem a realidade daquela família e da região como um todo. Então, qualquer gestante com sintomas deve procurar a atenção básica, é onde ela deve pedir ajuda primeiro”, reforça. 

 

Mediante essa busca por atendimento, o processo da atenção básica consiste em avaliar o paciente, e, a partir do momento da suspeição diagnóstica, encaminhar para um centro de referência para a realização dos exames confirmatórios. Lá, também são feitas as primeiras orientações, prescrição dos sintomáticos, e orientação sobre a higiene das lesões e isolamento dentro de casa. 

 

A transmissão de varíola dos macacos acontece por contato direto, principalmente sexual, com indivíduos infectados. Também existe a possibilidade da transmissão por via respiratória, por meio de gotículas e partículas aéreas, e a partir de roupas contaminadas, seja de pessoas ou de cama. 

 

Identificação e cuidados

Segundo o Instituto Butantan com base na Organização Mundial de Saúde, existem quadros diferentes de sintomas a depender do nível do caso (suspeito, provável ou confirmado). Passa a ser considerado um caso suspeito qualquer pessoa, de qualquer idade, que apresente bolhas na pele de origem inexplicável e esteja em um país onde a varíola dos macacos não é endêmica.

 

Se este quadro for acompanhado por dor de cabeça, início de febre acima de 38,5°C, linfonodos inchados, dores musculares e no corpo, dor nas costas e fraqueza profunda, é necessário fazer exame para confirmar ou descartar a doença. 

 

O Ministério da Saúde reitera a recomendação da OMS de que, para infectados ou recém-infectados, haja abstinência sexual na fase de lesões não cicatrizadas e uso de preservativo para qualquer forma de ato sexual nas 12 semanas após a recuperação. Caso a gestante apresente algum sintoma suspeito a orientação é de procurar assistência médica, para diagnóstico clínico e, eventualmente, laboratorial. 

 

“Às vezes, é difícil manter o isolamento em casas pequenas ou com muitos moradores. Mas orientamos que a pessoa fique em um cômodo sozinha, ou o mais afastado o possível das pessoas e evitando contatos íntimos. Também evitar compartilhar roupas e utensílios, que devem ser lavados e higienizados separadamente”, reforça Thaise. 

Texto:  Naomi Lamarck / Ascom – ISD

Foto: Naomi Lamarck / Ascom – ISD

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

Instituto Santos Dumont (ISD)

É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

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Dentre as orientações do Ministério da Saúde, estão: manter o uso de máscaras, principalmente em ambientes com pessoas potencialmente contaminadas; afastar-se de pessoas que apresentem sintomas suspeitos como febre e lesões na pele; usar preservativo em todos os tipos de relações sexuais; observar se o parceiro sexual apresenta alguma lesão na área genital e, se houver, não ter contato e procurar assistência médica caso apresente algum sintoma suspeito.

 

Com a nota técnica, o MS inclui as gestantes entre os três grupos populacionais de maior risco para formas graves da doença, juntamente à crianças menores de 8 anos e pessoas imunossuprimidas. A preceptora ginecologista e obstetra do Instituto Santos Dumont (ISD), Thaíse Lopes, explica que a gestante é incluída dentro do público de maior vulnerabilidade e de alto risco, primeiramente, por se tratar de uma doença sobre a qual não existem tantas publicações na literatura ou recursos para estudo, o que se soma ao fato da gestante se mostrar imunossuprimida durante o período de gravidez, tendo maior vulnerabilidade para doenças infectocontagiosas.

 

“Existe também a questão da varíola humana, que já está erradicada, mas pelo fato do vírus da varíola dos macacos ser da mesma família, há uma similaridade no fator causador, então ela também se mostra como uma doença de alto risco. Na literatura, quatro casos foram descritos com desfechos desfavoráveis, um com um aborto, dois com parto prematuro, e um com uma morte fetal. Então, por esses riscos aumentados, ela foi classificada como uma doença de alto risco para gestantes”, explica a preceptora Thaíse Lopes. 

 

A vulnerabilidade específica do grupo de gestantes e puérperas foi evidenciada durante a pandemia de covid-19. Dados da Sesap apontam que em 2020, foram registrados 3 óbitos de gestantes em decorrência de covid-19 no RN, número que subiu para 23 em 2021, um aumento percentual de mais de 600%. Mesmo passando por fases de flexibilização de medidas de isolamento social e disponibilização de vacinas, a covid-19 continua tendo um agravante em relação a esse grupo, agora somada aos riscos de infecção da varíola dos macacos.

 

Segundo o Ministério da Saúde, os dados disponíveis sobre a varíola dos macacos são limitados devido a desafios socioeconômicos e conflitos civis em muitos dos países onde a doença é endêmica. Entretanto, a varíola dos macacos pode levar a resultados adversos, como óbito fetal e abortamento espontâneo, com pontos de atenção específicos ao período de gravidez e saúde do feto. No Brasil, até o dia 26 de julho, 868 casos de varíola dos macacos já haviam sido confirmados. 

 

Outro ponto ressaltado pela médica Thaíse Lopes é a necessidade de um diagnóstico precoce, durante o início da infecção, a partir de suspeitas de lesões de pele, febre, ou outros sintomas associados à varíola dos macacos que a gestante apresentar. Para esse processo, o contato e comunicação constante com a rede de atenção básica é fundamental. 

 

“A atenção básica é a porta de entrada para qualquer pessoa. É ela que está mais próxima da casa e da família do paciente. São os agentes de saúde, chefes de enfermagem, enfermeiros e o próprio médico da família, que estão mais perto e conhecem a realidade daquela família e da região como um todo. Então, qualquer gestante com sintomas deve procurar a atenção básica, é onde ela deve pedir ajuda primeiro”, reforça. 

 

Mediante essa busca por atendimento, o processo da atenção básica consiste em avaliar o paciente, e, a partir do momento da suspeição diagnóstica, encaminhar para um centro de referência para a realização dos exames confirmatórios. Lá, também são feitas as primeiras orientações, prescrição dos sintomáticos, e orientação sobre a higiene das lesões e isolamento dentro de casa. 

 

A transmissão de varíola dos macacos acontece por contato direto, principalmente sexual, com indivíduos infectados. Também existe a possibilidade da transmissão por via respiratória, por meio de gotículas e partículas aéreas, e a partir de roupas contaminadas, seja de pessoas ou de cama. 

 

Identificação e cuidados

Segundo o Instituto Butantan com base na Organização Mundial de Saúde, existem quadros diferentes de sintomas a depender do nível do caso (suspeito, provável ou confirmado). Passa a ser considerado um caso suspeito qualquer pessoa, de qualquer idade, que apresente bolhas na pele de origem inexplicável e esteja em um país onde a varíola dos macacos não é endêmica.

 

Se este quadro for acompanhado por dor de cabeça, início de febre acima de 38,5°C, linfonodos inchados, dores musculares e no corpo, dor nas costas e fraqueza profunda, é necessário fazer exame para confirmar ou descartar a doença. 

 

O Ministério da Saúde reitera a recomendação da OMS de que, para infectados ou recém-infectados, haja abstinência sexual na fase de lesões não cicatrizadas e uso de preservativo para qualquer forma de ato sexual nas 12 semanas após a recuperação. Caso a gestante apresente algum sintoma suspeito a orientação é de procurar assistência médica, para diagnóstico clínico e, eventualmente, laboratorial. 

 

“Às vezes, é difícil manter o isolamento em casas pequenas ou com muitos moradores. Mas orientamos que a pessoa fique em um cômodo sozinha, ou o mais afastado o possível das pessoas e evitando contatos íntimos. Também evitar compartilhar roupas e utensílios, que devem ser lavados e higienizados separadamente”, reforça Thaise. 

Texto:  Naomi Lamarck / Ascom – ISD

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