Problemas na visão podem atrapalhar aprendizado de crianças e adolescentes

A imagem mostra uma criança que usa óculos sentada diante de uma parede que conta com elementos para realização de teste de aptidão visual.
Publicado em 22 de janeiro de 2024

A cuidadora de idosos Vanessa Ribeiro percebeu que o filho caçula Miguel, de 5 anos, estava resistente a fazer atividades de socialização em casa e na escola. O garoto apresentava dificuldade de concentração e irritabilidade constante, comportamentos incomuns até então. O que Vanessa não sabia é que a causa do desconforto de Miguel estava relacionada a um problema de visão, mais especificamente, a uma miopia que reduziu significativamente a capacidade da criança enxergar com nitidez.

A suspeita de que Miguel poderia estar com dificuldade para enxergar só surgiu durante uma visita presencial das profissionais da linha de cuidado em Reabilitação Visual do Instituto Santos Dumont (ISD) à Escola Municipal Dayse Hall, localizada em Macaíba, onde a criança estuda. O caso de Miguel não é incomum: além dele, outros 14 estudantes apresentaram algum problema na visão após testes avaliativos feitos pela equipe de reabilitação visual durante a passagem pela escola. 

Após o diagnóstico inicial, tanto Miguel quanto os demais estudantes foram encaminhados para consulta com oftalmologista no Instituto Santos Dumont. Das crianças que passaram pela avaliação médica, oito foram diagnosticadas com algum problema de visão e vão precisar usar óculos de grau, enquanto duas apresentaram quadros mais complexos e foram encaminhadas para acompanhamento pela Linha de Atenção e Cuidado em Reabilitação da Pessoa com Deficiência Visual do Instituto, um espaço voltado ao estímulo de habilidades e ao desenvolvimento de capacidades das pessoas com baixa visão (condição intermediária entre a cegueira e a possibilidade de enxergar completamente) ou cegas.

A pedagoga do ISD Luzia Guacira dos Santos, profissional que trabalha na linha de reabilitação visual, participou da visita à escola e constatou o alto número de alunos com dificuldade para enxergar. Um problema que, quando não tratado adequadamente, impacta no desempenho escolar. 

“É muito comum um aluno que não enxerga bem levantar da cadeira para ir até perto do quadro olhar a palavra e depois voltar para escrever no caderno. Isso já é considerado mau-comportamento quando, na verdade, ele tem dificuldade para enxergar o que está escrito no quadro. Então, o professor precisa ficar atento e chamar os pais para falar sobre essa possibilidade de problema na visão”, avalia Guacira.

No caso de Miguel, o diagnóstico de alta miopia constatado após a consulta com oftalmologista surpreendeu Vanessa, a mãe da criança. Isso porque ele apresentou um déficit de 8,5 graus no olho esquerdo e 7,5 no olho direito. “Ninguém esperava por isso. A visão dele estava muito prejudicada”, conta. “Agora, depois do óculos, a qualidade de vida dele melhorou muito, nem se compara. Ele brinca, corre, assiste televisão, frequenta a escola… Faz tudo normalmente”. 

Miguel continua sendo acompanhado pela equipe de reabilitação do ISD. Ele faz consultas periódicas, a cada dois meses, com oftalmologista para avaliar se houve avanço no quadro da miopia. “Por enquanto, o grau dele não teve alteração”, comemora Vanessa.

Dia Internacional da Educação e a Inclusão

Nesta quarta-feira (24) é comemorado o Dia Mundial da Educação. Data que reforça a importância da educação no desenvolvimento da humanidade em diversos aspectos e lembra os desafios que a área enfrenta, entre eles a inclusão de estudantes com deficiência. 


Pedagoga do ISD Luzia Guacira explica que estudantes com dificuldade para enxergar costumam ter mais dificuldade para aprender. Foto: Ascom

Como exemplo disso, uma pesquisa realizada no ano passado pela Associação Nova Escola constatou que, no Brasil, apenas 3 em cada 10 alunos com deficiência participam efetivamente das aulas, seja por problemas estruturais das escolas ou por falta de capacidade de capacitação dos profissionais. Cenário este que revela a necessidade de ampliação das políticas de inclusão nas salas de aula, conforme avalia a pedagoga Luzia Guacira dos Santos. No caso dos estudantes com baixa visão ou cegueira, Guacira sugere algumas alternativas que podem ser adotadas. 

“Muitas soluções são simples de serem aplicadas. A escola pode pensar em um material didático com letras ampliadas que facilite a leitura; ou mesmo, em uma sala de aula, usar recursos adaptados para facilitar a aprendizagem dos alunos com baixa visão. Já para os alunos cegos, o recurso da audiodescrição ajuda na criação da imagem do que está acontecendo na sala de aula, assim como os materiais em braille ou gravados em áudio que podem facilitar o acesso ao conteúdo que está sendo ensinado. O importante, em todo caso, é garantir que a pessoa com deficiência visual esteja inserida no ambiente escolar”, observa Guacira.

Quando procurar ajuda

A preceptora oftalmologista do Instituto Santos Dumont, Gabriela Lima, explica que não há regra para procurar ajuda profissional. Ela orienta que os pais fiquem atentos aos sintomas dos filhos e busquem um oftalmologista quando surgirem alterações no aprendizado ou déficit de atenção, além de eventuais reclamações por dificuldade para enxergar.

“A avaliação oftalmológica é fundamental para descartar possíveis alterações visuais que justifiquem dificuldades no desenvolvimento visual da criança. Essa avaliação deve ser repetida anualmente”, aponta a profissional.

Linhas de cuidado

O Instituto Santos Dumont disponibiliza o atendimento gratuito a pessoas com deficiência visual através da Linha de Atenção e Cuidado em Reabilitação da Pessoa com Deficiência Visual, inserida no Centro Especializado em Reabilitação da instituição (CER ISD). A iniciativa estabelece estratégias de orientação, habilitação e reabilitação de pessoas com deficiência visual, com objetivo de promover a qualidade de vida e a inclusão educacional e social. 

O público-alvo são pacientes do SUS. O acesso ao atendimento se dá por encaminhamento direto de um médico oftalmologista, com laudo definido de cegueira ou baixa visão, ou por procura espontânea por meio do agendamento da triagem do CER ISD.

A Linha de Atenção e Cuidado em Reabilitação da Pessoa com Deficiência Visual também recebe pacientes na faixa etária de 0 a 18 anos de escolas públicas dos municípios que compõem a 7ª Região de Saúde do RN (Macaíba, São Gonçalo do Amarante, Parnamirim, Natal, Extremoz), onde está inserido o CER ISD, atendendo a creches e níveis escolares do Ensino Infantil ao Ensino Médio. 

Serviço

Saiba como fazer o agendamento para ter acesso à Linha de Atenção e Cuidado em Reabilitação da Pessoa com Deficiência Visual

Telefones para agendamento: (84) 4042-0044 / (84) 4042-0033

Documentação necessária: Cartão do SUS; Documento de identidade e comprovante de residência. 

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

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