Uma casa bem iluminada, adaptada com barras de apoio e sem fios elétricos no chão – ou outros obstáculos no caminho – está entre as diversas dicas práticas de como tornar ambientes mais agradáveis e funcionais para pessoas com Doença de Parkinson, uma população estimada em cerca de 200 mil pessoas somente no Brasil, segundo o Ministério da Saúde.
O assunto foi discutido nesta segunda-feira (19) na primeira edição virtual do Educa Parkinson, projeto do Instituto Santos Dumont (ISD) que promove rodas de conversa gratuitas desde 2018 sobre qualidade de vida e como lidar com a doença.
O encontro que buscou responder “Como a neuroarquitetura pode auxiliar pessoas com Doença de Parkinson?” marcou o lançamento do novo formato do projeto, 100% on-line, em um contexto em que as reuniões presenciais no Instituto seguem suspensas por causa da pandemia.
A abordagem do tema de estreia ficou com a neuroarquiteta e palestrante convidada, Rafaela Lopes.
Em pouco mais de uma hora, ela apresentou opções da neuroarquitetura para ajudar a prevenir acidentes domésticos e, ainda, tornar os dias em casa mais leves durante a pandemia, com ideias que incluem desde ter plantas e outros elementos naturais no ambiente, até a possibilidade de janelas maiores para estimular a circulação de ar.
Os benefícios da neuroarquitetura
De acordo com a neuroarquiteta, ambientes são como âncoras para a memória e podem estimular a percepção sensorial. “A neuroarquitetura aplica princípios da neurociência na arquitetura e estuda como a gente reage aos ambientes construídos, como isso impacta positivamente ou negativamente as pessoas que nele circulam. Os projetos arquitetônicos são sempre feitos de forma personalizada e no caso da pessoa com Parkinson não é diferente, existem diversas adaptações que podem tornar a casa mais segura e agradável para esse paciente”, explica.
Mas como é possível aplicar isso em casa? Segundo a especialista, boa parte das dicas é voltada à prevenção de acidentes. “O primeiro passo é manter o ambiente sempre iluminado, seja com luz natural ou artificial para evitar acidentes ou machucados. Evitar fios elétricos pelo chão, remover móveis e objetos pequenos do caminho, facilitar o alcance das lâmpadas para evitar que a pessoa ande no escuro por muito tempo. São algumas coisas que ajudam muito a evitar acidentes ou machucados que podem acontecer com frequência em pessoas com Parkinson por elas apresentarem perda do equilíbrio corporal”, disse a neuroarquiteta.
Outras orientações foram discutidas durante o encontro, como a inserção de corrimão de apoio para o caso de haver escadas ou degraus pela casa e de inclusão de fitas pelo chão para serem utilizadas como estímulo e guia visual ao caminhar.
Estimular os sentidos é também um dos pilares da neuroarquitetura, diz Rafaela. Alternativas como a introdução de técnicas como biofilia e aromaterapia fazem parte desse aspecto e foram repassadas aos participantes do Educa Parkinson desta segunda (19).
“A biofilia nada mais é do que o estímulo do contato com a natureza. É uma técnica que reduz o estresse, melhora a concentração e aprendizado, estimula a criatividade. As plantas trazem vida para o ambiente e purificam o ar, por isso a gente sempre indica introduzir esses elementos naturais pela casa”, comenta. “Já a aromaterapia, que utiliza o olfato de forma terapêutica, estimula diversas partes do cérebro a partir de óleos essenciais, como o de alecrim que alivia fadiga mental, de copaíba que é um dos melhores para aliviar tremores e de lavanda que reduz a ansiedade e pode auxiliar na qualidade do sono”, completa.
Encontro on-line
Os encontros virtuais do Educa Parkinson terão sempre como eixo central “A Pessoa com Parkinson em casa: tornando esse momento mais leve e funcional” e passam agora a acontecer mensalmente, sempre às segundas-feiras, em datas e com links de inscrição que serão divulgadas previamente pelo Instituto. As atividades do projeto são abertas a todos os interessados no tema, sejam profissionais da saúde, pesquisadores, estudantes, familiares ou pacientes diagnosticados com Parkinson.
Nesta segunda-feira, cerca de 40 pessoas participaram, em sua maioria usuários da Clínica de Parkinson do ISD. Também participaram alunos da Residência Multiprofissional no Cuidado à Saúde da Pessoa com Deficiência e preceptores multiprofissionais do Instituto, além de profissionais de arquitetura.
“O Educa Parkinson é uma roda de conversa aberta a todos, que acontecia presencialmente mas foi suspensa em razão da pandemia. Neste ano nós decidimos retomar o projeto, que antes era presencial, em alusão ao mês de conscientização do Parkinson, para que apesar dessa distância física, nós possamos continuar trazendo informações, partilhando experiências e construindo conhecimento”, conta a neuropsicóloga do ISD, Joisa Araújo.
Josileide Araújo, uma das participantes do encontro virtual, conta que as atividades presenciais do projeto sempre ajudavam o sogro, João Batista, diagnosticado com Parkinson. “Era uma reunião que sempre deixava ele tranquilo, menos aflito, ele adorava porque reunia várias outras pessoas da mesma idade e com o mesmo problema. Torcemos muito para que essa pandemia acabe para podermos voltar a nos ver pessoalmente”, disse durante a reunião on-line.
Clique abaixo para acessar um vídeo no perfil do ISD no Instagram com imagens da versão presencial do projeto.
Clínica de Parkinson
Cerca de 50 pacientes por mês são atendidos na clínica de Parkinson do ISD, em Macaíba (RN), exclusivamente pelo SUS. A doença também está no centro de pesquisas realizadas nas unidades da Instituição, o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi (Anita) e o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra.
A doença de Parkinson é considerada a segunda doença neurodegenerativa progressiva mais frequente no mundo, perdendo apenas para o Alzheimer, segundo o Ministério da Saúde.
Ela afeta os movimentos do corpo e pode incluir, por exemplo, lentidão nos movimentos, tremores, rigidez muscular, desequilíbrio e alterações na fala. A doença também pode causar diminuição do olfato, constipação intestinal, bexiga neurogênica, alterações cognitivas e depressão. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 1% da população acima de 65 anos apresenta a Doença e o início dos sintomas motores costuma ocorrer por volta dos 60 anos.
Reportagem: Kamila Tuênia – Estagiária de Jornalismo/ Ascom – ISD
Edição: Renata Moura – Jornalista/ Ascom – ISD
Imagem: Reprodução Google Meet
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Instituto Santos Dumont (ISD)
É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.