Perda auditiva por uso de fones de ouvido é maior entre jovens e preocupa especialistas

Publicado em 9 de março de 2022

Até o ano de 2050, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma a cada quatro pessoas viverá com algum grau de perda auditiva. Esse risco cresce entre a população mais jovem: segundo a Organização, que estabeleceu o 3 de março como Dia Mundial da Audição, espera-se que 1 bilhão de pessoas entre 12 e 35 anos de idade apresentem quadros de perda auditiva. Com uma disparada das vendas registradas na pandemia no Brasil, o uso indiscriminado dos fones de ouvido, tanto em tempo como em intensidade, é o principal responsável por essa realidade, relata a preceptora multiprofissional fonoaudióloga do Instituto Santos Dumont (ISD), Rogéria Dias. 

“Nos últimos anos, com a popularização do celular e a chegada da Covid-19, as vendas desses equipamentos aumentaram significativamente. Era uma exigência de trabalho e, muitas vezes, a única condição de lazer para muitas pessoas”, relata Rogéria. Segundo ela, há dois principais problemas envolvidos no uso de fones de ouvido que podem aumentar as chances de perda auditiva: os volumes elevados, acima de 80 decibéis, e a exposição prolongada ao seu uso durante horas.

“Qualquer dispositivo sonoro que possa emitir um som 

de alta intensidade vai afetar as células que são responsáveis por receber esse som. Essa alteração pode ser transitória ou permanente, e isso vai depender da intensidade do som, do tempo e da forma como eu me exponho a ele”, explica. 

Em um show ou uma festa com música alta, por exemplo, é comum que o indivíduo deixe o local com a sensação de redução da capacidade auditiva. Horas depois, essa sensação tende a sumir em muitos casos. Com o uso do fone de ouvido, no entanto, a perda pode ser gradual – o que dificulta tanto a identificação do problema como a busca por soluções para corrigi-lo de forma mais breve possível a fim de evitar uma alteração permanente na audição. Rogéria Dias relata que já chegou a atender pacientes com menos de 30 anos de idade que apresentavam perdas irreversíveis da audição em função do uso desses aparelhos.

“Muitas vezes, esses pacientes não se dão conta, porque a morte dessas células é gradual. Quando a OMS fala que 25% dessa população vai ter perda auditiva, não é nem tanto resultado da música do show ou de um evento pontual, mas principalmente do uso indiscriminado do fone de ouvido”, destaca a fonoaudióloga. 

 

Cuidados são indispensáveis

 

Se os fones de ouvido chegaram em nossa realidade para ficar, os cuidados que devem ser tomados para evitar prejuízos em decorrência do seu uso constante também podem e devem, segundo as autoridades da área de saúde, fazer parte da rotina dos usuários desses equipamentos. 

Os primeiros cuidados, de acordo com a preceptora multiprofissional fonoaudióloga, devem ser tomados desde a hora da escolha do aparelho. “Preferir, se possível, os fones em formato de concha, os chamados ‘Headphones’, ao invés daquele modelo que é colocado dentro do ouvido, porque esse tipo de fone fica muito próximo à membrana do tímpano, e o impacto causado por essa proximidade será maior”, afirma Rogéria Dias. 

Em seguida, é importante estar atento ao volume. “Os celulares mais modernos já têm sinalizadores que dizem quando você está ultrapassando a capacidade indicada para esse dispositivo. O ideal seria que pudéssemos utilizar cerca de 60% da capacidade de som desses dispositivos para evitar causar prejuízos à essas células”, ressalta a fonoaudióloga. Caso o indivíduo não disponha dessa tecnologia, no entanto, há outras técnicas que podem ser adotadas. “Se eu estou de fone de ouvido e você está conseguindo ouvir o que eu estou escutando, é um sinal de que eu possivelmente já ultrapassei o limite de segurança, e já posso começar a ter lesões de células”, aponta Rogéria Dias. 

Por fim, ela destaca a importância do repouso auditivo, para evitar a sobrecarga desse sistema. “Se eu escutei música durante 30 minutos, o ideal seria que eu repousasse 5 (minutos), para que o sistema não fique sobrecarregado. Muita gente coloca o fone de ouvido e vai dormir, por exemplo, e isso é muito prejudicial”. Evitar utilizar o fone de ouvido apenas em um lado também é uma estratégia para evitar a sobrecarga do sistema auditivo.

 

Cuidados em shows e eventos

Apesar dos fones de ouvido serem considerados os principais riscos para a perda auditiva entre jovens, Rogéria Dias afirma que é importante estar atento também aos barulhos muito altos em shows e eventos. Nesses casos, também é possível se proteger, por meio da utilização de protetores auriculares ou, na ausência desses, dos próprios fones de ouvido sem som. “Utilizar seu fone de ouvido durante um show, no mudo, também pode servir como uma barreira para ajudar a reduzir um possível dano que venha a ser causado nas células auditivas neste espaço”, afirma. 

 

Veja as recomendações da OMS para reduzir os riscos de perda auditiva

Não ultrapassar a média máxima de 100 decibéis;

Monitorar níveis de som usando equipamento calibrado por especialistas;

Otimizar a acústica e sistemas de som para garantir qualidade e segurança;

Disponibilizar proteção auditiva individual para o público, incluindo instruções de uso;

Acesso a zonas de silêncio para as pessoas descansarem os ouvidos e diminuir o risco de danos auditivos;

Fornecer formação e informação aos funcionários.

Texto: Mariana Ceci / Ascom – ISD

Foto: Ricardo Araújo / Ascom – ISD

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

Instituto Santos Dumont (ISD)

É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

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“Nos últimos anos, com a popularização do celular e a chegada da Covid-19, as vendas desses equipamentos aumentaram significativamente. Era uma exigência de trabalho e, muitas vezes, a única condição de lazer para muitas pessoas”, relata Rogéria. Segundo ela, há dois principais problemas envolvidos no uso de fones de ouvido que podem aumentar as chances de perda auditiva: os volumes elevados, acima de 80 decibéis, e a exposição prolongada ao seu uso durante horas.

“Qualquer dispositivo sonoro que possa emitir um som 

de alta intensidade vai afetar as células que são responsáveis por receber esse som. Essa alteração pode ser transitória ou permanente, e isso vai depender da intensidade do som, do tempo e da forma como eu me exponho a ele”, explica. 

Em um show ou uma festa com música alta, por exemplo, é comum que o indivíduo deixe o local com a sensação de redução da capacidade auditiva. Horas depois, essa sensação tende a sumir em muitos casos. Com o uso do fone de ouvido, no entanto, a perda pode ser gradual – o que dificulta tanto a identificação do problema como a busca por soluções para corrigi-lo de forma mais breve possível a fim de evitar uma alteração permanente na audição. Rogéria Dias relata que já chegou a atender pacientes com menos de 30 anos de idade que apresentavam perdas irreversíveis da audição em função do uso desses aparelhos.

“Muitas vezes, esses pacientes não se dão conta, porque a morte dessas células é gradual. Quando a OMS fala que 25% dessa população vai ter perda auditiva, não é nem tanto resultado da música do show ou de um evento pontual, mas principalmente do uso indiscriminado do fone de ouvido”, destaca a fonoaudióloga. 

 

Cuidados são indispensáveis

 

Se os fones de ouvido chegaram em nossa realidade para ficar, os cuidados que devem ser tomados para evitar prejuízos em decorrência do seu uso constante também podem e devem, segundo as autoridades da área de saúde, fazer parte da rotina dos usuários desses equipamentos. 

Os primeiros cuidados, de acordo com a preceptora multiprofissional fonoaudióloga, devem ser tomados desde a hora da escolha do aparelho. “Preferir, se possível, os fones em formato de concha, os chamados ‘Headphones’, ao invés daquele modelo que é colocado dentro do ouvido, porque esse tipo de fone fica muito próximo à membrana do tímpano, e o impacto causado por essa proximidade será maior”, afirma Rogéria Dias. 

Em seguida, é importante estar atento ao volume. “Os celulares mais modernos já têm sinalizadores que dizem quando você está ultrapassando a capacidade indicada para esse dispositivo. O ideal seria que pudéssemos utilizar cerca de 60% da capacidade de som desses dispositivos para evitar causar prejuízos à essas células”, ressalta a fonoaudióloga. Caso o indivíduo não disponha dessa tecnologia, no entanto, há outras técnicas que podem ser adotadas. “Se eu estou de fone de ouvido e você está conseguindo ouvir o que eu estou escutando, é um sinal de que eu possivelmente já ultrapassei o limite de segurança, e já posso começar a ter lesões de células”, aponta Rogéria Dias. 

Por fim, ela destaca a importância do repouso auditivo, para evitar a sobrecarga desse sistema. “Se eu escutei música durante 30 minutos, o ideal seria que eu repousasse 5 (minutos), para que o sistema não fique sobrecarregado. Muita gente coloca o fone de ouvido e vai dormir, por exemplo, e isso é muito prejudicial”. Evitar utilizar o fone de ouvido apenas em um lado também é uma estratégia para evitar a sobrecarga do sistema auditivo.

 

Cuidados em shows e eventos

Apesar dos fones de ouvido serem considerados os principais riscos para a perda auditiva entre jovens, Rogéria Dias afirma que é importante estar atento também aos barulhos muito altos em shows e eventos. Nesses casos, também é possível se proteger, por meio da utilização de protetores auriculares ou, na ausência desses, dos próprios fones de ouvido sem som. “Utilizar seu fone de ouvido durante um show, no mudo, também pode servir como uma barreira para ajudar a reduzir um possível dano que venha a ser causado nas células auditivas neste espaço”, afirma. 

 

Veja as recomendações da OMS para reduzir os riscos de perda auditiva

Não ultrapassar a média máxima de 100 decibéis;

Monitorar níveis de som usando equipamento calibrado por especialistas;

Otimizar a acústica e sistemas de som para garantir qualidade e segurança;

Disponibilizar proteção auditiva individual para o público, incluindo instruções de uso;

Acesso a zonas de silêncio para as pessoas descansarem os ouvidos e diminuir o risco de danos auditivos;

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Texto: Mariana Ceci / Ascom – ISD

Foto: Ricardo Araújo / Ascom – ISD

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É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

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