Inclusão de pessoas autistas na sociedade é defendida em ciclo de palestras no ISD

Publicado em 6 de abril de 2022

O Instituto Santos Dumont (ISD) promoveu, nesta segunda-feira, 4, um ciclo de palestras em alusão ao Dia Mundial de Conscientização Sobre o Autismo, lembrado mundialmente a cada 2 de abril. O evento, que contou com a participação presencial e remota de pais e responsáveis por pessoas autistas, educadores e profissionais de saúde, teve como tema central: “Como a ciência pode promover a funcionalidade e autonomia do autista?”. 

 

Organizado pelo Serviço Multidisciplinar de Atenção do Espectro do Autismo (Semea/ISD) em conjunto com preceptores e residentes multiprofissionais, além de mestrandos, do Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi (Anita) e Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra (IIN-ELS), unidades do ISD em Macaíba, o evento reuniu Ricardo Oliveira, que é uma pessoa autista com atuação no canal Autismo Pensante, no Youtube; a neuropediatra e pesquisadora do ISD, Celina Reis; a professora do Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Cíntia Azoni; e da psicóloga e psicanalista doutora em Educação, Andréia Clara Galvão. 

 

Os debates foram iniciados por Ricardo Oliveira, que abordou política, modelo social da eficiência e direitos humanos. Na apresentação, ele citou tópicos relacionados à Ciência e sua ligação com a Filosofia e a hegemonia do modelo biomédico voltado ao Autismo. Entre as muitas dificuldades vivenciadas nas atividades de vida diária pelos autistas, Oliveira elencou: a ausência de normalização de comportamentos; a falta de empregabilidade;o bullying e o assédio, a infantilização das pessoas autistas – mesmo aquelas na idade adulta -, a não adoção de políticas públicas inclusivas e a violação de direitos humanos. 

 

Para ele, dar autonomia às pessoas autistas é uma necessidade urgente e que perpassa por aspectos políticos, sociais e econômicos. “Isso serve para pais de autistas e profissionais da saúde e da área da educação. O primeiro passo é agir contra o capacitismo, com promoção da acessibilidade e quebra de barreiras. Campanha de conscientização nas escolas e na mídia. Necessitamos que os profissionais de saúde sigam mais os direitos humanos e que haja investimento na educação inclusiva”, frisou durante sua participação no evento promovido pelo ISD. A apresentação de Ricardo Oliveira foi uma das mais elogiadas por participantes presenciais e remotos. 

 

Em seguida, a neuropediatra do ISD, Celina Reis, apresentou um histórico sobre a evolução do Autismo. “É importante conhecer esse histórico para entendermos porque há tanto estigma em torno do Autismo”, explicou. Na palestra, ela detalhou como os estudos em relação ao Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) progrediram ao longo do tempo e de que maneira a Medicina e a Ciência promoveram melhorias na condução do tratamento de pessoas autistas.   

 

A Profa. Dra. Cintia Azoni, que é fonoaudióloga, apresentou uma palestra sobre a comunicação da criança com Autismo e o papel do profissional na esteira do tratamento. “O papel do fonoaudiólogo é observar o ambiente terapêutico, o ambiente familiar e facilitar a comunicação”, frisou. Isso pode ser feito, segundo Cíntia Azoni, através da observação do ambiente, e que esse seja o mais natural possível; além da interação dos cuidadores; registros de imagens/vídeos e relatos de familiares.

 

As apresentações foram finalizadas pela psicóloga Andréia Clara Galvão, que ressaltou a importância da inclusão das pessoas autistas na sociedade. “Somos todos responsáveis pela inclusão que produzimos. Somos todos responsáveis pela exclusão que produzimos. É preciso que, enquanto profissionais, a gente ajude a todos dentro do espectro autista”, declarou. 

 

Alerta

 

Membro do Coletivo Autista da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CAUFRN), a estudante do curso de Ciências e Tecnologia da UFRN, Sandra Sabrina Borges, de 22 anos, contribuiu com o debate alertando para aspectos negligenciados pela sociedade em relação às pessoas autistas. “Há uma subnotificação dos casos de Autismo entre as meninas/mulheres. Isso é notório. É importante debater o autismo para que todos conheçam, discutam e não fiquem focados somente nas crianças. Nós, adultos autistas, temos dificuldade em nos reconhecer como autistas por causa do diagnóstico tardio. Eu tive o diagnóstico fechado ano passado”, disse Sandra Sabrina Borges.

 

Apresentações

Para quem perdeu ou quer assistir novamente, as palestras estão disponíveis no Canal do Youtube do Instituto Santos Dumont (ISD).

Texto:  Ricardo Araújo / Ascom – ISD

Foto: Ricardo Araújo / Ascom – ISD

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

Instituto Santos Dumont (ISD)

É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

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Organizado pelo Serviço Multidisciplinar de Atenção do Espectro do Autismo (Semea/ISD) em conjunto com preceptores e residentes multiprofissionais, além de mestrandos, do Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi (Anita) e Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra (IIN-ELS), unidades do ISD em Macaíba, o evento reuniu Ricardo Oliveira, que é uma pessoa autista com atuação no canal Autismo Pensante, no Youtube; a neuropediatra e pesquisadora do ISD, Celina Reis; a professora do Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Cíntia Azoni; e da psicóloga e psicanalista doutora em Educação, Andréia Clara Galvão. 

 

Os debates foram iniciados por Ricardo Oliveira, que abordou política, modelo social da eficiência e direitos humanos. Na apresentação, ele citou tópicos relacionados à Ciência e sua ligação com a Filosofia e a hegemonia do modelo biomédico voltado ao Autismo. Entre as muitas dificuldades vivenciadas nas atividades de vida diária pelos autistas, Oliveira elencou: a ausência de normalização de comportamentos; a falta de empregabilidade;o bullying e o assédio, a infantilização das pessoas autistas – mesmo aquelas na idade adulta -, a não adoção de políticas públicas inclusivas e a violação de direitos humanos. 

 

Para ele, dar autonomia às pessoas autistas é uma necessidade urgente e que perpassa por aspectos políticos, sociais e econômicos. “Isso serve para pais de autistas e profissionais da saúde e da área da educação. O primeiro passo é agir contra o capacitismo, com promoção da acessibilidade e quebra de barreiras. Campanha de conscientização nas escolas e na mídia. Necessitamos que os profissionais de saúde sigam mais os direitos humanos e que haja investimento na educação inclusiva”, frisou durante sua participação no evento promovido pelo ISD. A apresentação de Ricardo Oliveira foi uma das mais elogiadas por participantes presenciais e remotos. 

 

Em seguida, a neuropediatra do ISD, Celina Reis, apresentou um histórico sobre a evolução do Autismo. “É importante conhecer esse histórico para entendermos porque há tanto estigma em torno do Autismo”, explicou. Na palestra, ela detalhou como os estudos em relação ao Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) progrediram ao longo do tempo e de que maneira a Medicina e a Ciência promoveram melhorias na condução do tratamento de pessoas autistas.   

 

A Profa. Dra. Cintia Azoni, que é fonoaudióloga, apresentou uma palestra sobre a comunicação da criança com Autismo e o papel do profissional na esteira do tratamento. “O papel do fonoaudiólogo é observar o ambiente terapêutico, o ambiente familiar e facilitar a comunicação”, frisou. Isso pode ser feito, segundo Cíntia Azoni, através da observação do ambiente, e que esse seja o mais natural possível; além da interação dos cuidadores; registros de imagens/vídeos e relatos de familiares.

 

As apresentações foram finalizadas pela psicóloga Andréia Clara Galvão, que ressaltou a importância da inclusão das pessoas autistas na sociedade. “Somos todos responsáveis pela inclusão que produzimos. Somos todos responsáveis pela exclusão que produzimos. É preciso que, enquanto profissionais, a gente ajude a todos dentro do espectro autista”, declarou. 

 

Alerta

 

Membro do Coletivo Autista da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CAUFRN), a estudante do curso de Ciências e Tecnologia da UFRN, Sandra Sabrina Borges, de 22 anos, contribuiu com o debate alertando para aspectos negligenciados pela sociedade em relação às pessoas autistas. “Há uma subnotificação dos casos de Autismo entre as meninas/mulheres. Isso é notório. É importante debater o autismo para que todos conheçam, discutam e não fiquem focados somente nas crianças. Nós, adultos autistas, temos dificuldade em nos reconhecer como autistas por causa do diagnóstico tardio. Eu tive o diagnóstico fechado ano passado”, disse Sandra Sabrina Borges.

 

Apresentações

Para quem perdeu ou quer assistir novamente, as palestras estão disponíveis no Canal do Youtube do Instituto Santos Dumont (ISD).

Texto:  Ricardo Araújo / Ascom – ISD

Foto: Ricardo Araújo / Ascom – ISD

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É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

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