Epilepsia: Profissionais da atenção básica de Macaíba recebem capacitação no Anita/ISD

Publicado em 19 de novembro de 2020
Capacitação foi realizada por profissionais da clínica de epilepsia do CER Anita Garibaldi, do ISD, referência na área. Foto: Kamila Tuenia/Ascom ISD

O Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, do Instituto Santos Dumont (ISD), iniciou nesta quarta-feira (18) atividades de capacitação em epilepsia para equipes médicas e de enfermagem com atuação na rede básica de saúde de Macaíba/RN – e tem a intenção de estender a programação, em datas ainda não definidas, para qualificar profissionais também de outras regiões do estado.

A clínica de Epilepsia do Centro Especializado em Reabilitação Auditiva, Física e Intelectual (CER-III) do Anita é referência no Rio Grande do Norte em assistência a epilepsias refratárias – as epilepsias com crises de difícil controle – e identificou carências na rede básica de saúde com relação aos demais casos. 

“Existe hoje um vazio assistencial na rede para dar conta dessa demanda”, diz a fisioterapeuta e coordenadora de reabilitação física do CER Anita Garibaldi, do ISD, Camila Simão. “Hoje entram para o nosso atendimento bebês, crianças e adultos com epilepsia refratária e o que não é refratária é encaminhado para a rede. O objetivo é capacitar essa rede para receber esses pacientes”.

O acompanhamento dos casos de epilepsia controlada, a epilepsia não refratária – alvo da capacitação realizada ontem no Anita, segundo Camila – pode ser feito na rede básica de saúde através de prescrição de algumas medicações e, por exemplo, monitoramento dos sintomas. “Isso é considerado um cuidado mais simples que a atenção básica dá conta, que o pediatra e o médico do posto dão conta. Enxergamos essa necessidade e hoje temos um projeto de educação permanente para capacitar a rede em todo o estado, começando por Macaíba”, acrescenta. 

 

Capacitação

Cerca de 20 profissionais que atuam nas zonas rural e urbana de Macaíba participaram no primeiro dia de capacitação e outra turma, prevista para dezembro, deverá incluir mais 15 médicos, médicas, enfermeiras e enfermeiros do município.

A enfermeira Nadja Marcela, que atua na Unidade Básica de Saúde de Bela Vista, zona rural de Macaíba, conta que a capacitação sobre epilepsia ajuda a atender uma demanda frequente na realidade da unidade. 

“Uma coisa que sentimos falta é principalmente o diagnóstico, saber reconhecer sinais quando os pacientes chegam e apresentam queixas. Na UBS (Unidade Básica de Saúde) onde atuo, esses sinais de epilepsia são frequentes, principalmente em crianças. Saber identificar isso melhor amplia a capacidade do cuidado com esses pacientes”, diz. 

A neuropeditra do Anita/ISD, Celina Reis, destacou na capacitação a necessidade de atenção a entrevista dos pacientes para diagnóstico e acompanhamento corretos. Foto: Kamila Tuenia/Ascom ISD

A neuropediatra Celina Reis, uma das profissionais do Anita à frente da capacitação, explica que um dos aprendizados mais importantes abordados na formação é relativo à anamnese, ou seja, as entrevistas ou triagens feitas com os pacientes. 

“É de extrema importância perguntar sobre a idade, início das crises, como elas acontecem, quais os sintomas, quanto tempo duram, qual o desempenho social desse paciente, para poder direcionar um tratamento. Esses itens precisam ser avaliados, principalmente a observação das crises, para direcionar para o diagnóstico correto e em seguida, para o acompanhamento”, explica Celina. Também foram englobadas na capacitação as características, sintomas e tipos de crise epiléptica.

 

O que é epilepsia

A epilepsia é considerada uma das doenças neurológicas mais comuns que existem e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), afeta cerca de 50 milhões de pessoas no mundo.

A doença pode provocar convulsões ou crises não convulsivas, entre elas crises de “ausência” – em que a pessoa parece “desligar” por alguns instantes, podendo retomar em seguida o que estava fazendo – e, por exemplo, sensações como distorções de percepção, movimentos descontrolados de uma parte do corpo ou medo repentino, conforme descrição da Liga Brasileira de Epilepsia.

“As crises não convulsivas”, segundo o Ministério da Saúde, “são, muitas vezes, difíceis de serem diagnosticadas, exceto quando evoluem para uma convulsão”.

A enfermeira Mariana Damásio, que atua na UBS As Marias, da zona rural de Macaíba, disse ainda não ter experiência no cuidado ao paciente com epilepsia, mas que capacitações como essas “são ricas” para os profissionais. 

“Já participei de formações sobre autismo (no Anita), algo em que também não era capacitada, e hoje tenho não só um outro olhar sobre o transtorno, mas mais conhecimento”. 

A taxa de capacitação das equipes de saúde é um dos indicadores do Instituto Santos Dumont acompanhados e avaliados pelo Ministério da Educação, órgão do governo federal ao qual o Instituto é vinculado desde 2014.

As ações na área são realizadas de forma discutida, planejada e a partir da problematização do trabalho que os profissionais realizam na prática.

Planejamento familiar e a atuação da atenção primária à saúde no cuidado às pessoas vivendo com HIV/AIDS estavam entre os temas na agenda programada para 2020, que acabou, porém, adiada por causa da pandemia de Covid-19.

A capacitação sobre epilepsia, iniciada ontem, foi a primeira realizada no ano. 

“Uma segunda formação sobre epilepsia deve ocorrer em dezembro e a partir daí devem surgir outras. A gente compreende que estas são as primeiras de várias. Estamos pensando em formas de criar uma programação para que se constitua um projeto de educação permanente”, disse Camila Simão. 

A epilepsia, segundo o Ministério da Saúde, pode ser prevenida e controlada em até 70% dos pacientes. 

Texto: Ascom – ISD

Fotos: Kamila Tuenia – Estagiária de Jornalismo / Ascom – ISD

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

Instituto Santos Dumont (ISD)

É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

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A clínica de Epilepsia do Centro Especializado em Reabilitação Auditiva, Física e Intelectual (CER-III) do Anita é referência no Rio Grande do Norte em assistência a epilepsias refratárias – as epilepsias com crises de difícil controle – e identificou carências na rede básica de saúde com relação aos demais casos. 

“Existe hoje um vazio assistencial na rede para dar conta dessa demanda”, diz a fisioterapeuta e coordenadora de reabilitação física do CER Anita Garibaldi, do ISD, Camila Simão. “Hoje entram para o nosso atendimento bebês, crianças e adultos com epilepsia refratária e o que não é refratária é encaminhado para a rede. O objetivo é capacitar essa rede para receber esses pacientes”.

O acompanhamento dos casos de epilepsia controlada, a epilepsia não refratária – alvo da capacitação realizada ontem no Anita, segundo Camila – pode ser feito na rede básica de saúde através de prescrição de algumas medicações e, por exemplo, monitoramento dos sintomas. “Isso é considerado um cuidado mais simples que a atenção básica dá conta, que o pediatra e o médico do posto dão conta. Enxergamos essa necessidade e hoje temos um projeto de educação permanente para capacitar a rede em todo o estado, começando por Macaíba”, acrescenta. 

 

Capacitação

Cerca de 20 profissionais que atuam nas zonas rural e urbana de Macaíba participaram no primeiro dia de capacitação e outra turma, prevista para dezembro, deverá incluir mais 15 médicos, médicas, enfermeiras e enfermeiros do município.

A enfermeira Nadja Marcela, que atua na Unidade Básica de Saúde de Bela Vista, zona rural de Macaíba, conta que a capacitação sobre epilepsia ajuda a atender uma demanda frequente na realidade da unidade. 

“Uma coisa que sentimos falta é principalmente o diagnóstico, saber reconhecer sinais quando os pacientes chegam e apresentam queixas. Na UBS (Unidade Básica de Saúde) onde atuo, esses sinais de epilepsia são frequentes, principalmente em crianças. Saber identificar isso melhor amplia a capacidade do cuidado com esses pacientes”, diz. 

A neuropeditra do Anita/ISD, Celina Reis, destacou na capacitação a necessidade de atenção a entrevista dos pacientes para diagnóstico e acompanhamento corretos. Foto: Kamila Tuenia/Ascom ISD

A neuropediatra Celina Reis, uma das profissionais do Anita à frente da capacitação, explica que um dos aprendizados mais importantes abordados na formação é relativo à anamnese, ou seja, as entrevistas ou triagens feitas com os pacientes. 

“É de extrema importância perguntar sobre a idade, início das crises, como elas acontecem, quais os sintomas, quanto tempo duram, qual o desempenho social desse paciente, para poder direcionar um tratamento. Esses itens precisam ser avaliados, principalmente a observação das crises, para direcionar para o diagnóstico correto e em seguida, para o acompanhamento”, explica Celina. Também foram englobadas na capacitação as características, sintomas e tipos de crise epiléptica.

 

O que é epilepsia

A epilepsia é considerada uma das doenças neurológicas mais comuns que existem e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), afeta cerca de 50 milhões de pessoas no mundo.

A doença pode provocar convulsões ou crises não convulsivas, entre elas crises de “ausência” – em que a pessoa parece “desligar” por alguns instantes, podendo retomar em seguida o que estava fazendo – e, por exemplo, sensações como distorções de percepção, movimentos descontrolados de uma parte do corpo ou medo repentino, conforme descrição da Liga Brasileira de Epilepsia.

“As crises não convulsivas”, segundo o Ministério da Saúde, “são, muitas vezes, difíceis de serem diagnosticadas, exceto quando evoluem para uma convulsão”.

A enfermeira Mariana Damásio, que atua na UBS As Marias, da zona rural de Macaíba, disse ainda não ter experiência no cuidado ao paciente com epilepsia, mas que capacitações como essas “são ricas” para os profissionais. 

“Já participei de formações sobre autismo (no Anita), algo em que também não era capacitada, e hoje tenho não só um outro olhar sobre o transtorno, mas mais conhecimento”. 

A taxa de capacitação das equipes de saúde é um dos indicadores do Instituto Santos Dumont acompanhados e avaliados pelo Ministério da Educação, órgão do governo federal ao qual o Instituto é vinculado desde 2014.

As ações na área são realizadas de forma discutida, planejada e a partir da problematização do trabalho que os profissionais realizam na prática.

Planejamento familiar e a atuação da atenção primária à saúde no cuidado às pessoas vivendo com HIV/AIDS estavam entre os temas na agenda programada para 2020, que acabou, porém, adiada por causa da pandemia de Covid-19.

A capacitação sobre epilepsia, iniciada ontem, foi a primeira realizada no ano. 

“Uma segunda formação sobre epilepsia deve ocorrer em dezembro e a partir daí devem surgir outras. A gente compreende que estas são as primeiras de várias. Estamos pensando em formas de criar uma programação para que se constitua um projeto de educação permanente”, disse Camila Simão. 

A epilepsia, segundo o Ministério da Saúde, pode ser prevenida e controlada em até 70% dos pacientes. 

Texto: Ascom – ISD

Fotos: Kamila Tuenia – Estagiária de Jornalismo / Ascom – ISD

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É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

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