“É trend”: responsáveis devem estar atentos aos conteúdos replicados por jovens na internet, alertam profissionais da saúde

Publicado em 29 de novembro de 2022

Nos últimos anos, as trends vêm engajando cada vez mais crianças e adolescentes, com o atrativo de serem a “nova moda” do momento e um modo de socialização entre esse público. As trends são conteúdos virais, que podem ser danças, encenações e dublagens, abordando diversos conteúdos. Apesar de inofensivas em muitos casos, a nova moda deve ser acompanhada também por pais e responsáveis, diante de alguns desafios que impõem riscos à saúde física e psicológica de quem os realiza.

 

Um exemplo disso é o “desafio do desodorante”, que estimula uma competição para ver quem consegue inalar a maior quantidade de desodorante aerosol por mais tempo, e levou à morte de dois jovens em 2022, no Pará e em Minas Gerais. Profissionais de saúde alertam para a importância dos responsáveis estarem atentos a este tipo de conteúdo, prejudicial ao bem-estar dos usuários, especialmente na fase de desenvolvimento da infância e adolescência.

 

Segundo Marta Alves, preceptora psicóloga do Instituto Santos Dumont (ISD), existem as trends que engajam e divertem os usuários e viralizam nas redes de maneira inofensiva. Mas, existem também as que são popularizadas e replicadas por crianças e adolescentes sem que elas consigam perceber ou refletir a respeito das consequências e repercussões daquilo.

 

Essa, segundo a psicóloga, não é a primeira vez que desafios da internet resultam em consequências reais. Ela cita como exemplo o “desafio da Baleia Azul”, que viralizou no Brasil e em outros lugares do mundo em 2017, por estar ligado a múltiplos casos de automutilação entre crianças e adolescentes. Mais recentemente, em 2022, especialistas levantaram alertas também sobre um desafio que estimula jovens a simularem o ato de “fumar” um cotonete, inalando a ponta da haste do objeto, prática que pode trazer complicações a curto e longo prazo.

 

“Muitas coisas, para essa geração que cresceu com acesso à tecnologia, só são vistas como possíveis se houver a mediação da tela, então a exposição é inevitável. Mas tanto a alta exposição como os conteúdos consumidos podem prejudicar o desenvolvimento da criança. Então é importante para os responsáveis saberem que é necessário construir regras e limites nesse uso”, explica a psicóloga.

 

Construindo as regras

De acordo com Marta, mesmo com a recomendação para que os responsáveis instituam limites no uso das redes, para atingir um cenário ideal e saudável no uso da internet, eles devem ter como base dois pontos importantes: a abertura para o diálogo e a clareza sobre os porquês das regras.

 

“Existem estratégias para um controle adequado do que está sendo consumido ali, mas tudo varia de pessoa para pessoa e de família para família, é relativo. O importante em todos os casos é que os pais e responsáveis entendam que é preciso ir construindo essas regras aos poucos, sempre deixando claro junto à criança o porquê daquilo estar sendo feito. Com o tempo, ela não vai precisar da regra, por que vai entender os motivos”, ressalta.

 

Segundo a psicóloga, essa mediação visa uma “virada de chave”, isto é, o momento no desenvolvimento em que, da infância para a adolescência, os filhos começam a se tornar mais autônomos e ter mais consciência do que fazem e do porquê.

 

Por isso é fundamental que haja, desde cedo, um entendimento da autonomia e liberdade de escolha e expressão da criança, mas também de até onde pode ir essa autonomia. É necessário perceber o que precisa ser limitado em cada faixa etária, e o que a criança ou adolescente já tem discernimento para fazer.

 

Um exemplo disso, diz Marta, são as roupas. Depois de uma certa idade, a criança deve ter a liberdade de escolher qual roupa vestir. No entanto, quando se trata de, por exemplo, um uniforme da escola, os pais e responsáveis sabem que não há possibilidade de escolher uma vestimenta diferente. Nesse ponto, devem explicar à criança o porquê da norma, estabelecendo limites em algo que até então, para ela, seria de livre escolha.

 

E assim funciona com a internet. Se não é viável cortar por completo o acesso de menores de idade, considerando todas as funções facilitadoras que a tecnologia proporciona, é possível e recomendado que exista a delimitação de até onde esse acesso pode e deve ir.

 

“É muito importante criar, dentro de casa, uma cultura de abertura de espaços para diálogo entre os responsáveis e os filhos. Construir com os filhos sobre como identificar o que é e não é perigoso, disponibilizar espaços para dúvidas, ajudar a entender em que momento do desenvolvimento essa criança está e o que dá certo para implementar nessa cultura da família”, diz Marta.

 

O papel do profissional da saúde

Um dos aspectos mais essenciais no modelo de cuidado centrado na família é a participação ativa do profissional da saúde dentro dos lares. Para Marta Alves, esse modelo deve ser adotado também no cuidado com a saúde mental e na construção de hábitos saudáveis da criança e do adolescente, incluindo o que é consumido e feito virtualmente.

 

“O papel dos serviços e dos profissionais da saúde é justamente trabalhar em conjunto com os pais e responsáveis na criação desses espaços de diálogo, dessa construção de um ambiente que permita que a criança tire dúvidas e busque ajuda dentro de casa”, explica.

 

A psicóloga ressalta que ainda existe um estigma em relação à busca do psicólogo como orientador da família. A consulta de orientação é uma prática que Marta considera importante no processo de mais diálogo e compreensão entre pais e filhos.

 

“A busca por uma orientação profissional não precisa ser rotineira, apenas sob demanda da família. Mas é preciso que os pais saibam que existe essa disponibilidade do psicólogo para ajudar no desenvolvimento dos filhos”, complementa Marta.

 

Texto: Naomi Lamarck / Ascom – ISD

Foto: Naomi Lamarck  / Ascom – ISD

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

Instituto Santos Dumont (ISD)

É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

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Um exemplo disso é o “desafio do desodorante”, que estimula uma competição para ver quem consegue inalar a maior quantidade de desodorante aerosol por mais tempo, e levou à morte de dois jovens em 2022, no Pará e em Minas Gerais. Profissionais de saúde alertam para a importância dos responsáveis estarem atentos a este tipo de conteúdo, prejudicial ao bem-estar dos usuários, especialmente na fase de desenvolvimento da infância e adolescência.

 

Segundo Marta Alves, preceptora psicóloga do Instituto Santos Dumont (ISD), existem as trends que engajam e divertem os usuários e viralizam nas redes de maneira inofensiva. Mas, existem também as que são popularizadas e replicadas por crianças e adolescentes sem que elas consigam perceber ou refletir a respeito das consequências e repercussões daquilo.

 

Essa, segundo a psicóloga, não é a primeira vez que desafios da internet resultam em consequências reais. Ela cita como exemplo o “desafio da Baleia Azul”, que viralizou no Brasil e em outros lugares do mundo em 2017, por estar ligado a múltiplos casos de automutilação entre crianças e adolescentes. Mais recentemente, em 2022, especialistas levantaram alertas também sobre um desafio que estimula jovens a simularem o ato de “fumar” um cotonete, inalando a ponta da haste do objeto, prática que pode trazer complicações a curto e longo prazo.

 

“Muitas coisas, para essa geração que cresceu com acesso à tecnologia, só são vistas como possíveis se houver a mediação da tela, então a exposição é inevitável. Mas tanto a alta exposição como os conteúdos consumidos podem prejudicar o desenvolvimento da criança. Então é importante para os responsáveis saberem que é necessário construir regras e limites nesse uso”, explica a psicóloga.

 

Construindo as regras

De acordo com Marta, mesmo com a recomendação para que os responsáveis instituam limites no uso das redes, para atingir um cenário ideal e saudável no uso da internet, eles devem ter como base dois pontos importantes: a abertura para o diálogo e a clareza sobre os porquês das regras.

 

“Existem estratégias para um controle adequado do que está sendo consumido ali, mas tudo varia de pessoa para pessoa e de família para família, é relativo. O importante em todos os casos é que os pais e responsáveis entendam que é preciso ir construindo essas regras aos poucos, sempre deixando claro junto à criança o porquê daquilo estar sendo feito. Com o tempo, ela não vai precisar da regra, por que vai entender os motivos”, ressalta.

 

Segundo a psicóloga, essa mediação visa uma “virada de chave”, isto é, o momento no desenvolvimento em que, da infância para a adolescência, os filhos começam a se tornar mais autônomos e ter mais consciência do que fazem e do porquê.

 

Por isso é fundamental que haja, desde cedo, um entendimento da autonomia e liberdade de escolha e expressão da criança, mas também de até onde pode ir essa autonomia. É necessário perceber o que precisa ser limitado em cada faixa etária, e o que a criança ou adolescente já tem discernimento para fazer.

 

Um exemplo disso, diz Marta, são as roupas. Depois de uma certa idade, a criança deve ter a liberdade de escolher qual roupa vestir. No entanto, quando se trata de, por exemplo, um uniforme da escola, os pais e responsáveis sabem que não há possibilidade de escolher uma vestimenta diferente. Nesse ponto, devem explicar à criança o porquê da norma, estabelecendo limites em algo que até então, para ela, seria de livre escolha.

 

E assim funciona com a internet. Se não é viável cortar por completo o acesso de menores de idade, considerando todas as funções facilitadoras que a tecnologia proporciona, é possível e recomendado que exista a delimitação de até onde esse acesso pode e deve ir.

 

“É muito importante criar, dentro de casa, uma cultura de abertura de espaços para diálogo entre os responsáveis e os filhos. Construir com os filhos sobre como identificar o que é e não é perigoso, disponibilizar espaços para dúvidas, ajudar a entender em que momento do desenvolvimento essa criança está e o que dá certo para implementar nessa cultura da família”, diz Marta.

 

O papel do profissional da saúde

Um dos aspectos mais essenciais no modelo de cuidado centrado na família é a participação ativa do profissional da saúde dentro dos lares. Para Marta Alves, esse modelo deve ser adotado também no cuidado com a saúde mental e na construção de hábitos saudáveis da criança e do adolescente, incluindo o que é consumido e feito virtualmente.

 

“O papel dos serviços e dos profissionais da saúde é justamente trabalhar em conjunto com os pais e responsáveis na criação desses espaços de diálogo, dessa construção de um ambiente que permita que a criança tire dúvidas e busque ajuda dentro de casa”, explica.

 

A psicóloga ressalta que ainda existe um estigma em relação à busca do psicólogo como orientador da família. A consulta de orientação é uma prática que Marta considera importante no processo de mais diálogo e compreensão entre pais e filhos.

 

“A busca por uma orientação profissional não precisa ser rotineira, apenas sob demanda da família. Mas é preciso que os pais saibam que existe essa disponibilidade do psicólogo para ajudar no desenvolvimento dos filhos”, complementa Marta.

 

Texto: Naomi Lamarck / Ascom – ISD

Foto: Naomi Lamarck  / Ascom – ISD

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Instituto Santos Dumont (ISD)

É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

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