De Macaíba para o mundo: neuroengenheiros formados pelo ISD ganham espaço em universidades do exterior

Publicado em 9 de junho de 2022

No ano de 2014, ainda durante o curso preparatório para o vestibular, Mouhamed Zorkot tinha um objetivo claro: queria causar impacto na vida das pessoas a partir da área da saúde. Ainda sem saber ao certo que caminhos poderia tomar para alcançar essa meta, foi apresentado por um professor ao projeto ‘Walk Again’, liderado pelo neurocientista Miguel Nicolelis. Ao ver cientistas do mundo inteiro unindo conhecimentos para tentar fazer voltar a andar pacientes com lesão medular, o estudante viu que esse era o rumo que gostaria de seguir. “Entrei na engenharia mecânica já com o objetivo do mestrado em neuroengenharia”, afirma Mouhamed. 

 

Oito anos depois, após ser titulado como Mestre em Neuroengenharia pelo Instituto Santos Dumont (ISD), fundado por Miguel Nicolelis na zona rural de Macaíba, no Rio Grande do Norte, o engenheiro mecânico natural de Abidjan, na Costa do Marfim, terá oportunidade de trabalhar lado a lado com alguns dos nomes mais proeminentes de sua área, na École Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL), na Suíça, onde foi aprovado para cursar o Doutorado, e obteve uma bolsa de excelência do governo suíço. 

 

“A EPFL sempre foi um lugar que quis conhecer pelos pesquisadores, que são referência do mundo na minha área. A expectativa é muito grande para chegar lá e aprender o melhor”, enfatiza Zorkot. Ele vai cursar o doutorado na área de Robótica, Controle e Sistemas Inteligentes, sob orientação dos pesquisadores Mohamed Bouri, Silvestro Micera e Solaiman Shokur. 

 

Durante o período de quatro anos, vai investigar e implementar estratégias de reabilitação da marcha para lesão medular incompleta, que combinam exoesqueletos motorizados dos membros inferiores e estimulação elétrica não-invasiva. O projeto é uma continuidade daquilo que Mouhamed iniciou no mestrado: a construção de um exoesqueleto para reabilitação de membros inferiores de pessoas que tiveram Acidente Vascular Encefálico (AVE), considerado um dos projetos de destaque pelo Global Grad Show, uma iniciativa do Art Dubai Group para fomentar ideias inovadoras no mundo da pesquisa ao redor do mundo. 

 

Mouhamed é um entre muitos dos titulados em Neuroengenharia pelo ISD, que sedia o único programa de pós-graduação reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC) nesta área no Brasil, que passará a atuar em laboratórios internacionais. Ele se junta às colegas também tituladas entre 2021 e 2022, Carolina Karla Evangelista, de 24 anos, e Mirella Cunha, de 25 anos, que já se encontram em laboratórios fora do Brasil dando prosseguimento às pesquisas de doutorado. “O mestrado em neuroengenharia foi uma peça muito importante para que eu conseguisse essa aprovação. Foram contribuições muito fortes, da assistência dos professores, que me acompanharam em todo o processo de inscrição e entrevistas, até  o trabalho interdisciplinar, que me permitiu ter contato com fisioterapeutas, pesquisa experimental com pacientes e diversas tecnologias disponíveis no Instituto”, afirma Mouhamed. 

 

Novas perspectivas e conhecimentos

Para a biomédica Mirella Cunha Lira, que atualmente cursa o doutorado na área de Ciências Médicas no Instituto Israelense de Tecnologia, na cidade de Haifa, em Israel, a experiência tem permitido agregar novas perspectivas e conhecimentos àqueles aprendidos durante o mestrado. Orientada pelo professor Ramón Hypolito Lima, Mirella estudou o processo de reconsolidação da memória no modelo animal, mais especificamente, em roedores. 

 

Para o doutorado, tinha a perspectiva de poder continuar na área da neurociência e cognição. Hoje, ela trabalha com navegação espacial com o modelo animal, porém não com roedores, e sim codornas, orientada pelo professor Yoram Gutfreund. “O fato de já ter trabalhado com animais facilitou muito, principalmente na parte de comportamento e cirurgia. Foi necessário, é claro, fazer ajustes, e ainda estou tentando agregar melhor a parte da análise de dados e engenharias, mas já com uma perspectiva prévia”, afirma Mirella.

 

Ela destaca, ainda, que é importante que alunos do Mestrado que estão em processo de seleção para Doutorados não se desanimem com negativas iniciais, e continuem buscando vagas em suas áreas de interesse em diversos locais. “Primeiro eu tentei o Doutorado fora, no Japão, e não deu certo. Mas continuei tentando para todos os lugares que me interessavam. Comecei a olhar nos sites de associações de neurociência e, toda vaga que me interessava, eu mandava um e-mail, até que vim parar aqui, onde meus interesses casavam com uma boa instituição de ensino, e que me permitiria viver com alguma qualidade de vida por dispor de bolsa”, afirma. 

 

Mestrado contribui para experiência internacional

Vivendo na Alemanha desde janeiro de 2022, a fonoaudióloga Carolina Evangelista, de 24 anos, fez a defesa de sua dissertação do Mestrado em Neuroengenharia já naquele país, poucos dias antes de iniciar as atividades no Leibniz-Institut für Neurobiologie. 

 

Carolina, que trabalhou com audiologia no modelo animal durante o mestrado, a fim de tentar compreender os impactos do ruído na audição, afirma que a habilidade de gerir o próprio projeto ao longo dos dois anos do curso foram essenciais para a nova etapa da vida. “Meu orientador me deixava bem livre para atuar e, com isso, eu consegui desenvolver responsabilidade e manejar o meu próprio projeto de forma mais consciente. Além disso, a experiência com os registros de eletrofisiologia me ajudaram muito aqui”, ressalta Evangelista.

 

No Instituto de Neurobiologia, a fonoaudióloga estuda memórias de curto prazo e localização auditiva em primatas. “Eu acho que toda essa experiência em pesquisa que estou tendo aqui vai me agregar muito no sentido de como desenvolver um design de experimento: como planejar um experimento, as atividades… porque a maior parte das vezes, eu tenho que pensar isso sozinha e, só então, me reunir com meu orientador para ajustar as partes finais. É uma parte muito importante na pesquisa”, explica Carolina, que deseja seguir como pesquisadora na área de neurociências desde a graduação. “O Mestrado me ajudou primeiramente a ter a autonomia que eu estou tendo agora. Ele me preparou para o momento que estou vivendo”, completa. 

Texto: Mariana Ceci / Ascom – ISD

Foto: Cedida

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

Instituto Santos Dumont (ISD)

É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

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Oito anos depois, após ser titulado como Mestre em Neuroengenharia pelo Instituto Santos Dumont (ISD), fundado por Miguel Nicolelis na zona rural de Macaíba, no Rio Grande do Norte, o engenheiro mecânico natural de Abidjan, na Costa do Marfim, terá oportunidade de trabalhar lado a lado com alguns dos nomes mais proeminentes de sua área, na École Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL), na Suíça, onde foi aprovado para cursar o Doutorado, e obteve uma bolsa de excelência do governo suíço. 

 

“A EPFL sempre foi um lugar que quis conhecer pelos pesquisadores, que são referência do mundo na minha área. A expectativa é muito grande para chegar lá e aprender o melhor”, enfatiza Zorkot. Ele vai cursar o doutorado na área de Robótica, Controle e Sistemas Inteligentes, sob orientação dos pesquisadores Mohamed Bouri, Silvestro Micera e Solaiman Shokur. 

 

Durante o período de quatro anos, vai investigar e implementar estratégias de reabilitação da marcha para lesão medular incompleta, que combinam exoesqueletos motorizados dos membros inferiores e estimulação elétrica não-invasiva. O projeto é uma continuidade daquilo que Mouhamed iniciou no mestrado: a construção de um exoesqueleto para reabilitação de membros inferiores de pessoas que tiveram Acidente Vascular Encefálico (AVE), considerado um dos projetos de destaque pelo Global Grad Show, uma iniciativa do Art Dubai Group para fomentar ideias inovadoras no mundo da pesquisa ao redor do mundo. 

 

Mouhamed é um entre muitos dos titulados em Neuroengenharia pelo ISD, que sedia o único programa de pós-graduação reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC) nesta área no Brasil, que passará a atuar em laboratórios internacionais. Ele se junta às colegas também tituladas entre 2021 e 2022, Carolina Karla Evangelista, de 24 anos, e Mirella Cunha, de 25 anos, que já se encontram em laboratórios fora do Brasil dando prosseguimento às pesquisas de doutorado. “O mestrado em neuroengenharia foi uma peça muito importante para que eu conseguisse essa aprovação. Foram contribuições muito fortes, da assistência dos professores, que me acompanharam em todo o processo de inscrição e entrevistas, até  o trabalho interdisciplinar, que me permitiu ter contato com fisioterapeutas, pesquisa experimental com pacientes e diversas tecnologias disponíveis no Instituto”, afirma Mouhamed. 

 

Novas perspectivas e conhecimentos

Para a biomédica Mirella Cunha Lira, que atualmente cursa o doutorado na área de Ciências Médicas no Instituto Israelense de Tecnologia, na cidade de Haifa, em Israel, a experiência tem permitido agregar novas perspectivas e conhecimentos àqueles aprendidos durante o mestrado. Orientada pelo professor Ramón Hypolito Lima, Mirella estudou o processo de reconsolidação da memória no modelo animal, mais especificamente, em roedores. 

 

Para o doutorado, tinha a perspectiva de poder continuar na área da neurociência e cognição. Hoje, ela trabalha com navegação espacial com o modelo animal, porém não com roedores, e sim codornas, orientada pelo professor Yoram Gutfreund. “O fato de já ter trabalhado com animais facilitou muito, principalmente na parte de comportamento e cirurgia. Foi necessário, é claro, fazer ajustes, e ainda estou tentando agregar melhor a parte da análise de dados e engenharias, mas já com uma perspectiva prévia”, afirma Mirella.

 

Ela destaca, ainda, que é importante que alunos do Mestrado que estão em processo de seleção para Doutorados não se desanimem com negativas iniciais, e continuem buscando vagas em suas áreas de interesse em diversos locais. “Primeiro eu tentei o Doutorado fora, no Japão, e não deu certo. Mas continuei tentando para todos os lugares que me interessavam. Comecei a olhar nos sites de associações de neurociência e, toda vaga que me interessava, eu mandava um e-mail, até que vim parar aqui, onde meus interesses casavam com uma boa instituição de ensino, e que me permitiria viver com alguma qualidade de vida por dispor de bolsa”, afirma. 

 

Mestrado contribui para experiência internacional

Vivendo na Alemanha desde janeiro de 2022, a fonoaudióloga Carolina Evangelista, de 24 anos, fez a defesa de sua dissertação do Mestrado em Neuroengenharia já naquele país, poucos dias antes de iniciar as atividades no Leibniz-Institut für Neurobiologie. 

 

Carolina, que trabalhou com audiologia no modelo animal durante o mestrado, a fim de tentar compreender os impactos do ruído na audição, afirma que a habilidade de gerir o próprio projeto ao longo dos dois anos do curso foram essenciais para a nova etapa da vida. “Meu orientador me deixava bem livre para atuar e, com isso, eu consegui desenvolver responsabilidade e manejar o meu próprio projeto de forma mais consciente. Além disso, a experiência com os registros de eletrofisiologia me ajudaram muito aqui”, ressalta Evangelista.

 

No Instituto de Neurobiologia, a fonoaudióloga estuda memórias de curto prazo e localização auditiva em primatas. “Eu acho que toda essa experiência em pesquisa que estou tendo aqui vai me agregar muito no sentido de como desenvolver um design de experimento: como planejar um experimento, as atividades… porque a maior parte das vezes, eu tenho que pensar isso sozinha e, só então, me reunir com meu orientador para ajustar as partes finais. É uma parte muito importante na pesquisa”, explica Carolina, que deseja seguir como pesquisadora na área de neurociências desde a graduação. “O Mestrado me ajudou primeiramente a ter a autonomia que eu estou tendo agora. Ele me preparou para o momento que estou vivendo”, completa. 

Texto: Mariana Ceci / Ascom – ISD

Foto: Cedida

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Instituto Santos Dumont (ISD)

É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

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