Renata Moura
Jornalista
Caixas, garrafas e a gelatina viraram brinquedos. A música que ecoa pela casa relaxa, ajuda a conhecer o corpo e os animais. Histórias são criadas e contadas em família, com palavras, sorteios, personagens, expressões e sorrisos que estão ali – na imaginação ou à mão de todos. O universo onde tudo acontece é dentro de casa.
O Instituto Santos Dumont (ISD), Organização Social vinculada ao Ministério da Educação, lança nesta terça-feira (19) a “Cartilha de apoio às crianças com autismo” no cenário do novo coronavírus” e da doença causada por ele, a Covid-19. Com ilustrações e cheio de ideias para inspirar – muitas com direito a passo a passo – o material aponta estratégias para lidar com emoções, desenvolver brincadeiras e manter um ambiente saudável em um contexto em que crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista) podem ser especialmente afetadas pela quebra da rotina decorrente da quarentena.
O conteúdo também chama a atenção para medidas de prevenção recomendadas por autoridades de saúde para evitar a infecção pelo vírus – e destaca a importância de “calma” para não só crianças, mas também pais, mães e outros possíveis cuidadores atravessarem os desafios do momento com mais leveza. (Veja a seguir as primeiras páginas da cartilha – em formato de visualização como livro disponível apenas no site – e clique aqui para baixá-la na íntegra).
Covid-19 e autismo
O Transtorno do Espectro Autista é uma desordem do Neurodesenvolvimento que pode comprometer intelectualmente e, ao mesmo tempo, a linguagem da pessoa afetada.
Aspectos da vida como a interação com o outro e habilidades de comunicação são impactados. Falha na socialização, fala repetitiva, além de comportamentos também repetitivos e incômodo gerado por mudanças na rotina são característicos e podem se intensificar no atual cenário em que a maioria das pessoas é incentivada a ficar em casa para evitar pegar ou transmitir a Covid-19 e atividades que poderiam ser comuns no dia a dia lá fora, relacionadas à lazer, escola e outras, não se realizam.
“A quebra da rotina pode intensificar comportamentos como ecolalia (fala repetitiva), movimentos repetitivos com as mãos e, até mesmo, momentos de estresse emocional com possibilidade de agressão, maior isolamento, irritabilidade e dificuldade para seguir uma rotina alimentar e de sono”, observa na cartilha a equipe do Serviço Multiprofissional de Atenção ao Transtorno do Espectro Autista, do ISD, que reúne neuropediatra, neuropsicóloga, fonoaudióloga, terapeuta ocupacional e fisioterapeuta.
O material foi construído com a participação de alunos da Residência Multiprofissional no Cuidado à Saúde da Pessoa com Deficiência, do ISD. São profissionais das áreas de serviço social, psicologia, fisioterapia e fonoaudiologia que têm o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, do Instituto, como principal campo de estágio.
A cartilha se baseia em fontes como livros e manuais especializados na área para ressaltar a importância de atividades que envolvam movimentação do corpo, interação com outras pessoas e participação em atividades diárias da casa para estimular autonomia e integração da criança.
O atendimento no ISD
O Anita foi habilitado pelo Ministério da Saúde como Centro Especializado em Reabilitação Auditiva, Física e Intelectual (CER III) no ano 2016 e a partir do ano seguinte passou a atender crianças com TEA.
São crianças de 0 a 12 anos da chamada 7ª Região da Saúde do Rio Grande do Norte, que abrange os municípios de Natal, Extremoz, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante e Macaíba – cidade sede do Centro.
A média de atendimentos chega a 300 por ano. E o serviço é “porta aberta”, ou seja, não precisa de encaminhamento de outras unidades de saúde para conseguir vaga. Para ser atendido, porém, é preciso ter a carteira do Sistema Único de Saúde (SUS), ligar para a recepção do Centro e marcar uma triagem, por meio dos números 84 3271.3612 ou 3271.1064. Após essa etapa, a criança passa por uma avaliação global com todos os profissionais da clínica.
Atualmente, em razão da pandemia de Covid-19, os atendimentos para novos pacientes e outras atividades presenciais estão suspensos. Os pacientes antigos recebem apoio por telefone, WhatsApp e por meio de conteúdos especialmente produzidos durante a pandemia, como esta cartilha, que já começou a ser distribuída para eles.
Diagnosticados com TEA
Segundos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Transtorno do Espectro Autista afeta 70 milhões de pessoas no mundo, dentre elas 2 milhões somente no Brasil.
Dados do National Center on Birth Defects and Developmental Disabilities, Centers for Disease Control and Prevention, dos Estados Unidos, apontam que 1 em cada 54 crianças é diagnosticada com autismo. A maioria é do sexo masculino.
Os sinais podem ser identificados na primeira infância e para fins de diagnóstico, devem se manifestar até os 3 anos de idade.
O reconhecimento dessas manifestações permite que possíveis intervenções sejam iniciadas precocemente, o que proporciona respostas mais eficazes às terapias, em razão da maior plasticidade cerebral nos primeiros anos de vida da criança.
Texto: Renata Moura / Ascom – ISD
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Instituto Santos Dumont (ISD)
Organização Social que mantém vínculo com o Ministério da Educação (MEC) e cuja missão é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão e contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.