O Parque Científico e Tecnológico Augusto Severo (PAX) que o Rio Grande do Norte vai implantar na Região Metropolitana de Natal, no município de Macaíba, precisa promover “uma intersecção mais forte entre o setor produtivo e a academia para impulsionar um ecossistema real de desenvolvimento socioeconômico acelerado por pesquisa e inovação”.
A opinião foi defendida nesta terça-feira (20) pelo diretor-geral do Instituto Santos Dumont (ISD), Reginaldo Freitas Júnior, durante reunião entre dirigentes de universidades, institutos de pesquisa, governo do estado e o britânico Bob Hodgson, consultor do Banco Mundial que avalia tecnicamente o projeto para possível financiamento.
Os participantes do encontro – realizado por videoconferência – apontaram desafios, como a necessidade dessa intersecção, assim como as vantagens do PAX.
Além do ISD estiveram na reunião representantes de instituições como Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Estadual do RN (UERN), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRN), Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Norte (Fapern) e Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico (Sedec).
Diálogo
“Eu deposito no Parque Científico e Tecnológico esperanças de um diálogo mais próximo com o setor produtivo, em uma linguagem que eles (empresários) entendam, com a objetividade que eles requerem e com a estratégia de fomentar essa cultura de uma intersecção mais forte entre o setor produtivo e a academia”, disse o diretor-geral do ISD.
O Instituto é um dos fundadores do projeto e vai integrar o conselho de administração quando estiver funcionando.
“Nós atuamos em áreas de grande interesse do setor produtivo, mas é preciso pavimentar essa estrada e construir mais pontes para que números crescentes de produtos e patentes se tornem realidade. É preciso reconhecer que nossa interação com as empresas ainda é incipiente, mas que ela tem fortaleza e potencialidade”, acrescentou ainda.
Investimento
O Parque Científico e Tecnológico Augusto Severo (PAX) começou a ser idealizado em 2018 no Rio Grande do Norte, por meio da articulação de diversos parceiros, e demandará R$ 75,26 milhões em investimentos.
Os recursos são previstos para cinco etapas de implantação, distribuídas entre os anos 2022 e 2040.
Do valor global a ser investido, cerca de R$ 8 milhões, ou 10,62%, são esperados do Banco Mundial. O restante é previsto em financiamento público e parcerias privadas.
A expectativa é atrair empresas do Brasil e do exterior interessadas em tecnologias nas áreas de energia, saúde e indústria 4.0 – inicialmente âncoras do projeto – mas também em setores como aeroespacial, de cerâmica, minerais e cosméticos.
“O propósito principal do projeto é gerar mais desenvolvimento social e econômico”, disse a assessora da UFRN e coordenadora do PAX, Ângela Paiva, em encontro com parceiros que precedeu a reunião com o consultor britânico.
Nesta terça-feira, Freitas Júnior, do ISD, reforçou, entretanto, que “a intersecção academia e setor produtivo é uma necessidade concreta para que o ecossistema de desenvolvimento catalisado por pesquisa e inovação aconteça”.
“A contribuição do setor produtivo é essencial e o PAX funcionará como instituição articuladora desses interesses”, ressaltou.
Mercado
Hodgson, consultor do Banco Mundial, citou a articulação visível entre as instituições de ensino no estado como uma vantagem do projeto e como um movimento até incomum se comparado a outros que observou no mundo.
“Os institutos de pesquisa normalmente ficam muito confortáveis trabalhando em suas áreas e não têm tanto interesse em colaborar com outros que trabalham próximos a eles, mas isso não parece ocorrer aqui”, disse.
Desafios que o projeto tem no caminho também ficaram, porém, claros, na visão do britânico.
“Um dos desafios que vejo é que Natal tem muitos recursos, mas fica na ‘periferia’. Como construir o interesse do setor produtivo, que não necessariamente está aqui agora no Rio Grande do Norte?”, apontou, entre outras questões lançadas para reflexão de pesquisadores e dirigentes de Instituições que acompanhavam a reunião.
“Em que áreas o Parque Científico e Tecnológico do Rio Grande do Norte deveria focar? O que ele pode acrescentar ao que universidades e institutos de pesquisa no estado já estão fazendo?”, foram outras perguntas dentro da análise inicial que fez do projeto.
Sustentabilidade
“Eu vejo essas questões levantadas (pelo consultor) como um ceticismo estratégico e essencial para que o projeto seja sustentável”, disse Freitas Júnior, do ISD, em réplica às dúvidas, reforçando que o Instituto Santos Dumont apoia a posição do Parque sobre as áreas reconhecidas como mais viáveis e sustentáveis para integrar o complexo. “O foco é essencial”.
O PAX deve operar em um prédio da UFRN vizinho ao Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra, do ISD, na área em Macaíba conhecida atualmente como Campus do Cérebro.
Jovan Gadioli dos Santos, diretor administrativo do ISD e coordenador do grupo de trabalho Mais Gestão – um dos que estruturam as diversas frentes de operação do Parque e cujo papel é elaborar as normas e procedimentos que serão adotados no empreendimento, a exemplo de editais para empresas, regulamento de compras e plano de cargos e salários – reforça a visão de que o Parque é um facilitador para a interação entre universidades, institutos de pesquisa e a indústria nas áreas em que vai atuar.
“O que a gente não pode ter são projetos desenvolvidos nas universidades e institutos de pesquisa se tornando projetos puramente acadêmicos. Precisamos de empresas, negócios, empreendedorismo para que esses produtos cheguem ao mercado, melhorem a qualidade de vida das pessoas e estimulem o desenvolvimento”, disse o diretor administrativo.
“E não se trata de ter um ‘atravessador’ fazendo isso pelos pesquisadores – mas de ter um facilitador dessa interação. O parque tem um papel fundamental. Encurta o caminho e facilita a interação entre academia e empresas, traz aquilo que o pesquisador faz para aquilo que é necessidade do setor produtivo e da sociedade. Vemos nessa interação uma oportunidade de sair para o mercado com produtos de conteúdo tecnológico que podem fazer a diferença”, acrescentou.
O uso de tecnologias no setor de saúde, para melhorar a assistência médica e a reabilitação de pessoas com deficiência e/ou lesões na medula, é a área em que o ISD deve investir no projeto.
“Podemos oferecer para as empresas tecnologias que tenham potencial de desenvolvimento e perguntar a elas quais são os desafios, os gargalos tecnológicos que enfrentam”, diz Gadioli. “E acreditamos que o PAX pode acelerar o encontro entre essas demandas e a oferta de soluções”.
Texto: Renata Moura – Jornalista / Ascom – ISD
Imagens: Reprodução
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Instituto Santos Dumont (ISD)
É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.