O Rio Grande do Norte está acima da média nacional de mortes provocadas por complicações decorrentes de câncer de pênis. Dados do Atlas de Mortalidade do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam que, em 2021 (último ano do levantamento), o estado registrou uma taxa de 0,69 morte causada pela doença para cada 100 mil homens. No país, essa taxa é de 0,40.
Ainda que abaixo da incidência registrada no RN, o índice nacional é considerado alto pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), que atribui o número de casos principalmente à falta de cuidados com a higiene do órgão sexual. “A forma mais simples de evitar o câncer de pênis é lavando adequadamente todo o órgão. Isso vale para todas as pessoas, mas sobretudo para aquelas que têm o prepúcio (pele que cobre a glande). Essas pessoas devem puxar toda a pele para trás e fazer a lavagem cuidadosamente para evitar o acúmulo de bactérias no local, que podem causar uma infecção crônica”, orienta o preceptor urologista do Instituto Santos Dumont e presidente da Sociedade Brasileira de Urologia no RN, Rafael Pauletti.
Os casos de câncer de pênis não são isolados. Segundo o Ministério da Saúde, em uma década, o Brasil contabilizou cerca de 20 mil diagnósticos da doença. Desse total, mais de 4 mil pessoas morreram por complicações provocadas por esse tipo de câncer entre 2011 e 2021.
Quando não causa mortes, o câncer de pênis pode deixar sequelas. A mais comum é a retirada total ou parcial do órgão sexual durante o tratamento. Somente este ano, a SBU estima que mais de 500 homens tenham o pênis amputado no Brasil, resultado da evolução do câncer no órgão.
“Uma das formas de tratamento dos casos mais graves de câncer de pênis é fazendo a remoção do órgão. É um procedimento semelhante ao que acontece com pessoas que têm câncer de mama e precisam passar pela mastectomia. Faz-se a retirada do órgão para evitar que o câncer se espalhe para outras partes do corpo”, explica Pauletti.
Campanha orienta homens sobre o câncer de pênis
Diante do alto número de casos, amputações e mortes por câncer de pênis, a Sociedade Brasileira de Urologia realiza ao longo do mês de fevereiro ações de divulgação de como identificar precocemente os sintomas e de como prevenir o desenvolvimento da doença. O objetivo é que o assunto deixe de ser tratado como tabu e estimule a procurar por ajuda profissional.
O urologista Rafael Pauletti afirma que, geralmente, os homens não têm o hábito de fazer o acompanhamento médico periódico e resistem a procurar atendimento urológico, mesmo quando já existem sintomas de doenças no pênis.
“É preciso ficar atento a sinais de lesões: manchas, vermelhidão na glande e caroços ao longo do pênis. É fundamental procurar um médico quando se observar um desses sintomas. Não precisa ter medo ou vergonha, devemos focar na saúde e na melhoria da qualidade de vida”, argumenta.
Além da higienização que deve fazer parte da rotina, a Sociedade Brasileira de Urologia recomenda a limpeza do pênis após a prática de relação sexual, o uso de preservativos e evitar fumar como formas de evitar o câncer de pênis.
As orientações também são voltadas para crianças. Pais e mães devem vacinar os seus filhos contra a HPV entre 9 e 14 anos e estimular a higienização correta do pênis desde a infância. O cuidado precisa ser maior em crianças que não fizeram a retirada do prepúcio e têm fimose, uma vez que a pele sobre a glande, quando infeccionada, pode aumentar os riscos de aparecimento de doenças no local.
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