Neuroengenheiros formados pelo ISD são aprovados em programas de pesquisa internacionais

Publicado em 17 de abril de 2023

Potencializar o avanço tecnológico na assistência em saúde sem abrir mão da qualidade de vida do paciente: esta foi uma das motivações de Gilberto Martins durante sua trajetória científica. Formado em engenharia de materiais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o interesse pela ciência surgiu ainda durante a graduação. Mesmo tendo passado pela indústria em suas primeiras experiências profissionais, ele não abandonou essa inclinação, o que o levou até o mestrado em neuroengenharia do Instituto Santos Dumont (ISD), onde pôde colocar em prática um trabalho inovador e multidisciplinar.

 

Martins é um dos três mestres em Neuroengenharia formados pelo ISD que foram aceitos no primeiro semestre de 2023 em programas de pesquisa no exterior. Após dois anos desenvolvendo um novo tipo de eletrodo flexível e mais biocompatível durante o mestrado, o neuroengenheiro está de malas prontas para se mudar para a cidade de Storrs, nos Estados Unidos, onde fará seu doutorado na University of Connecticut, no laboratório do professor Yi Zhang. Gilberto atuará como pesquisador e professor assistente na Universidade, além de poder trabalhar em sua própria pesquisa, com o objetivo maior de impulsionar o desenvolvimento do eletrodo criado no ISD.

 

Imerso nas áreas da biomedicina e biocompatibilidade, Gilberto reforça que a perspectiva é de estabelecer o eletrodo como um instrumento capaz de preservar a qualidade de vida. A proposta é evitar que aquele que está tendo o eletrodo implantado precise ser submetido periodicamente ao procedimento cirúrgico de retirada e inserção de um novo eletrodo, evitando custos e possíveis consequências à saúde. 

 

“Todos os passos desenvolvidos no ISD me tornaram capaz de aplicar para essas oportunidades. Eu passei praticamente por todas as tecnologias existentes aqui, o que foi muito bom, porque enriqueceu meu conhecimento. Agora, eu consigo trabalhar tanto na concepção de um equipamento quanto na análise de um tecido cerebral, por exemplo”, pontua o neuroengenheiro.

 

Gilberto é um dos três mestres em Neuroengenharia pelo ISD a ingressarem recentemente em universidades e laboratórios internacionais. A fisioterapeuta Ledycnarf Holanda e a fonoaudióloga Nancy Sotero também terão a oportunidade de levar suas pesquisas e inovações científicas para fora do Brasil. 

 

Tecnologia para reabilitar

O aspecto translacional está presente amplamente em pesquisas desenvolvidas no ISD. A pesquisa de base com aplicação clínica, o desenvolvimento de tecnologias assistivas e o uso da Interface Cérebro Máquina em processos de reabilitação são exemplos de como a ciência voltada para a saúde está presente no Instituto. 

 

 

Para Ledycnarf Januário de Holanda, reabilitar foi um ideal centralizado desde cedo. Mossoroense, formou-se em fisioterapia pela Universidade Potiguar (UnP) da sua cidade e, desde então, tem aprofundado seu conhecimento e formação com o foco em proporcionar a melhoria da qualidade de vida das pessoas. 

 

Após uma especialização em fisioterapia traumato-ortopédica e desportiva, Holanda teve seu primeiro contato com o ISD, no início do Instituto, trabalhando com a reabilitação de usuários com lesão medular completa crônica. A partir daí, engatou no mestrado em Neuroengenharia em 2017, e em um doutorado em Fisioterapia que concluiu pela UFRN, em 2019.

 

Durante o mestrado, a fisioterapeuta aprendeu sobre programação e desenvolvimento de tecnologias aplicadas à saúde, desenvolvendo um sistema de biofeedback auditório para o controle postural. No doutorado, decidiu aprofundar esses conhecimentos e avaliou e comparou o movimento dos membros superiores de pessoas saudáveis e com Esclerose Lateral Amiotrófica, usando algoritmos de aprendizagem de máquina, trabalho que pode aperfeiçoar estratégias de controle de órteses de membro superior e avaliação funcional.

 

Agora, ingressa em mais um desafio com um pós-doutorado no Bloorview Research Institute, da University of Toronto, no Canadá, onde trabalhará junto ao pesquisador Tom Chau no desenvolvimento de dispositivos robóticos para a reabilitação de marcha de crianças com paralisia cerebral. A fisioterapeuta enxerga toda a sua trajetória como pontos conectados, que a levam a uma única meta: inovar a tecnologia e assistência na saúde. 

 

“Tudo o que eu aprendi no Instituto Santos Dumont representa pra mim um divisor de águas, definiu o que eu gosto de fazer hoje com relação à pesquisa e como profissional. O que eu fiz no mestrado, no doutorado e agora a oportunidade do pós doutorado estão conectados. O que eu pretendo fazer é associar o que aprendi na área de pesquisa para continuar aprimorando e aprendendo mais”, conta a fisioterapeuta.

 

Pesquisa para a atuação clínica

A associação entre a neuroengenharia e o cuidado à saúde também marcou a formação de Nancy Sotero Silva. Fonoaudióloga pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Sotero tornou-se especialista no cuidado à saúde da pessoa com deficiência pelo ISD em 2021 e, no mesmo ano, ingressou no mestrado em neuroengenharia da instituição. 

 

Durante o mestrado, Nancy buscou compreender a atividade cerebral durante o processamento auditivo a partir do registro de estímulos sensoriais, com o objetivo de estabelecer um protocolo padrão que pode ser aplicado em pessoas com ou sem perda auditiva.

 

Com a meta de aprofundar os estudos e avanços científicos no campo da audição, Nancy ingressa no doutorado na Bielefeld University, na Alemanha. Lá, irá trabalhar investigando mecanismos de cognição relacionados à audição e suas associações com a atenção e outros processos sensoriais.

 

“O mestrado em neuroengenharia me possibilitou o contato e a formação com técnicas inovadoras, que não são comumente utilizadas na fonoaudiologia, ou que não conseguimos ter acesso durante a graduação. Através dos projetos que participei durante a residência e o mestrado tive a liberdade de investigar o uso dessas ferramentas para a reabilitação auditiva”, explica Nancy.

 

A decisão de buscar a oportunidade do doutorado veio quando a neuroengenharia notou as possibilidades de ampliar suas experiências, qualificação e formação acadêmica, incorporando a pesquisa que exercerá à construção de um vínculo profissional. A partir disso, começou a procurar por grupos de pesquisa que desenvolvessem projetos nas suas áreas de atuação, para conseguir dar continuidade ao que vinha trabalhando e pôr em prática o estudo e desenvolvimento de métodos inovadores.

 

Para Nancy, a pesquisa científica tem sua relevância fundamentada em tecnologias e meios que cheguem até o usuário. Por isso, a neuroengenheira trabalha principalmente com foco em estabelecer quais ferramentas têm o potencial de implementação no Sistema Único de Saúde (SUS), bem como de serem validadas como instrumentos de avaliação e reabilitação que podem ser utilizadas por fonoaudiólogos e expostas desde a graduação, como o exame da Eletroencefalografia (EEG), o fNIRS, a neuromodulação, a técnica do rastreamento ocular (eyetracking), entre outros.

Texto: Naomi Lamarck / Ascom – ISD

Foto: Mariana Ceci / Ascom – ISD

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

Instituto Santos Dumont (ISD)

É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

Compartilhe esta notícia

Recomendados

Mais Notícias

Neuroengenheiros formados pelo ISD são aprovados em programas de pesquisa internacionais

Potencializar o avanço tecnológico na assistência em saúde sem abrir mão da qualidade de vida do paciente: esta foi uma das motivações de Gilberto Martins durante sua trajetória científica. Formado em engenharia de materiais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o interesse pela ciência surgiu ainda durante a graduação. Mesmo tendo passado pela indústria em suas primeiras experiências profissionais, ele não abandonou essa inclinação, o que o levou até o mestrado em neuroengenharia do Instituto Santos Dumont (ISD), onde pôde colocar em prática um trabalho inovador e multidisciplinar.

 

Martins é um dos três mestres em Neuroengenharia formados pelo ISD que foram aceitos no primeiro semestre de 2023 em programas de pesquisa no exterior. Após dois anos desenvolvendo um novo tipo de eletrodo flexível e mais biocompatível durante o mestrado, o neuroengenheiro está de malas prontas para se mudar para a cidade de Storrs, nos Estados Unidos, onde fará seu doutorado na University of Connecticut, no laboratório do professor Yi Zhang. Gilberto atuará como pesquisador e professor assistente na Universidade, além de poder trabalhar em sua própria pesquisa, com o objetivo maior de impulsionar o desenvolvimento do eletrodo criado no ISD.

 

Imerso nas áreas da biomedicina e biocompatibilidade, Gilberto reforça que a perspectiva é de estabelecer o eletrodo como um instrumento capaz de preservar a qualidade de vida. A proposta é evitar que aquele que está tendo o eletrodo implantado precise ser submetido periodicamente ao procedimento cirúrgico de retirada e inserção de um novo eletrodo, evitando custos e possíveis consequências à saúde. 

 

“Todos os passos desenvolvidos no ISD me tornaram capaz de aplicar para essas oportunidades. Eu passei praticamente por todas as tecnologias existentes aqui, o que foi muito bom, porque enriqueceu meu conhecimento. Agora, eu consigo trabalhar tanto na concepção de um equipamento quanto na análise de um tecido cerebral, por exemplo”, pontua o neuroengenheiro.

 

Gilberto é um dos três mestres em Neuroengenharia pelo ISD a ingressarem recentemente em universidades e laboratórios internacionais. A fisioterapeuta Ledycnarf Holanda e a fonoaudióloga Nancy Sotero também terão a oportunidade de levar suas pesquisas e inovações científicas para fora do Brasil. 

 

Tecnologia para reabilitar

O aspecto translacional está presente amplamente em pesquisas desenvolvidas no ISD. A pesquisa de base com aplicação clínica, o desenvolvimento de tecnologias assistivas e o uso da Interface Cérebro Máquina em processos de reabilitação são exemplos de como a ciência voltada para a saúde está presente no Instituto. 

 

 

Para Ledycnarf Januário de Holanda, reabilitar foi um ideal centralizado desde cedo. Mossoroense, formou-se em fisioterapia pela Universidade Potiguar (UnP) da sua cidade e, desde então, tem aprofundado seu conhecimento e formação com o foco em proporcionar a melhoria da qualidade de vida das pessoas. 

 

Após uma especialização em fisioterapia traumato-ortopédica e desportiva, Holanda teve seu primeiro contato com o ISD, no início do Instituto, trabalhando com a reabilitação de usuários com lesão medular completa crônica. A partir daí, engatou no mestrado em Neuroengenharia em 2017, e em um doutorado em Fisioterapia que concluiu pela UFRN, em 2019.

 

Durante o mestrado, a fisioterapeuta aprendeu sobre programação e desenvolvimento de tecnologias aplicadas à saúde, desenvolvendo um sistema de biofeedback auditório para o controle postural. No doutorado, decidiu aprofundar esses conhecimentos e avaliou e comparou o movimento dos membros superiores de pessoas saudáveis e com Esclerose Lateral Amiotrófica, usando algoritmos de aprendizagem de máquina, trabalho que pode aperfeiçoar estratégias de controle de órteses de membro superior e avaliação funcional.

 

Agora, ingressa em mais um desafio com um pós-doutorado no Bloorview Research Institute, da University of Toronto, no Canadá, onde trabalhará junto ao pesquisador Tom Chau no desenvolvimento de dispositivos robóticos para a reabilitação de marcha de crianças com paralisia cerebral. A fisioterapeuta enxerga toda a sua trajetória como pontos conectados, que a levam a uma única meta: inovar a tecnologia e assistência na saúde. 

 

“Tudo o que eu aprendi no Instituto Santos Dumont representa pra mim um divisor de águas, definiu o que eu gosto de fazer hoje com relação à pesquisa e como profissional. O que eu fiz no mestrado, no doutorado e agora a oportunidade do pós doutorado estão conectados. O que eu pretendo fazer é associar o que aprendi na área de pesquisa para continuar aprimorando e aprendendo mais”, conta a fisioterapeuta.

 

Pesquisa para a atuação clínica

A associação entre a neuroengenharia e o cuidado à saúde também marcou a formação de Nancy Sotero Silva. Fonoaudióloga pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Sotero tornou-se especialista no cuidado à saúde da pessoa com deficiência pelo ISD em 2021 e, no mesmo ano, ingressou no mestrado em neuroengenharia da instituição. 

 

Durante o mestrado, Nancy buscou compreender a atividade cerebral durante o processamento auditivo a partir do registro de estímulos sensoriais, com o objetivo de estabelecer um protocolo padrão que pode ser aplicado em pessoas com ou sem perda auditiva.

 

Com a meta de aprofundar os estudos e avanços científicos no campo da audição, Nancy ingressa no doutorado na Bielefeld University, na Alemanha. Lá, irá trabalhar investigando mecanismos de cognição relacionados à audição e suas associações com a atenção e outros processos sensoriais.

 

“O mestrado em neuroengenharia me possibilitou o contato e a formação com técnicas inovadoras, que não são comumente utilizadas na fonoaudiologia, ou que não conseguimos ter acesso durante a graduação. Através dos projetos que participei durante a residência e o mestrado tive a liberdade de investigar o uso dessas ferramentas para a reabilitação auditiva”, explica Nancy.

 

A decisão de buscar a oportunidade do doutorado veio quando a neuroengenharia notou as possibilidades de ampliar suas experiências, qualificação e formação acadêmica, incorporando a pesquisa que exercerá à construção de um vínculo profissional. A partir disso, começou a procurar por grupos de pesquisa que desenvolvessem projetos nas suas áreas de atuação, para conseguir dar continuidade ao que vinha trabalhando e pôr em prática o estudo e desenvolvimento de métodos inovadores.

 

Para Nancy, a pesquisa científica tem sua relevância fundamentada em tecnologias e meios que cheguem até o usuário. Por isso, a neuroengenheira trabalha principalmente com foco em estabelecer quais ferramentas têm o potencial de implementação no Sistema Único de Saúde (SUS), bem como de serem validadas como instrumentos de avaliação e reabilitação que podem ser utilizadas por fonoaudiólogos e expostas desde a graduação, como o exame da Eletroencefalografia (EEG), o fNIRS, a neuromodulação, a técnica do rastreamento ocular (eyetracking), entre outros.

Texto: Naomi Lamarck / Ascom – ISD

Foto: Mariana Ceci / Ascom – ISD

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

Instituto Santos Dumont (ISD)

É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

Compartilhe esta notícia