Dia Internacional das Meninas e Mulheres na Ciência: conheça pesquisadoras que se destacam fazendo ciência no RN

Publicado em 10 de fevereiro de 2023

 

O dia 11 de fevereiro é marcado, desde 2015, pela celebração do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. Instituído em Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU), a data evidencia o protagonismo feminino nas áreas acadêmica e científica, colocando em pauta a necessidade de uma maior visibilidade e ocupação de espaços por mulheres no mercado de trabalho, na educação ou na pesquisa.

 

 No Instituto Santos Dumont (ISD), a pesquisa e produção científica estão presentes na realidade de mulheres em todas as áreas de atuação, das preceptoras às mestrandas. Conheça a trajetória e produção de cinco representantes do Instituto que, em suas diferentes áreas e momentos de vida, contribuem para tornar o espaço científico mais rico e diverso:

Ciência na comunidade, para a comunidade

A educação popular sempre foi algo que chamou a atenção de Sarah Lima, psicóloga e residente no Programa de Residência Multiprofissional no Cuidado à Saúde da Pessoa com Deficiência do ISD. Como tema de seu Trabalho de Conclusão da Residência (TCR), escolheu investigar de forma histórica e geracional a brincadeira e o desenvolvimento infantil na comunidade quilombola de Capoeiras, na área rural de Macaíba. “Buscamos saber sobre como eram as brincadeiras antigamente e como passam de uma geração para a outra, que é um fator cultural muito importante para entender como isso se relaciona ao desenvolvimento dessas crianças”, explica. 

 

Segundo Sarah, a metodologia utilizada, a Tradução do Conhecimento, permite caracterizar o que é a brincadeira, estimulando a comunidade e a escola a unirem o ato de brincar à tradição quilombola. A pesquisa passa pelo questionário com pais e responsáveis, observação das crianças e caracterização do contexto geracional, retornando para a escola uma base de como as brincadeiras podem ser aplicadas para estimular o aprendizado e desenvolvimento.   

 

A vivência da pesquisa qualitativa é, para Sarah, desafiadora, mas fundamental, por existir o contato direto com o dia-a-dia e o desenvolvimento das pessoas da comunidade de Capoeiras. “A ciência produzida na comunidade é um dos tipos mais complicados e importantes. Um grande desafio das ciências humanas e sociais, uma grande responsabilidade, é lidar diretamente com a vida das pessoas, com a comunidade. Envolve uma necessidade de adequação, de competência cultural, de sair da lente que a gente usa normalmente e perceber pela lente do outro”, pontua. 

Ciência com responsabilidade social 

Para a médica Carolina Damásio, preceptora infectologista do ISD, o interesse em unir a pesquisa científica ao atendimento clínico se intensificou após atuar na linha de frente à Covid-19. A pandemia foi, para Carolina, um “divisor de águas”, e a atuação da ciência e dos pesquisadores estimularam sua carreira científica. Para Carolina, a pesquisa se distingue tanto por conseguir alcançar mais pessoas, como por sua responsabilidade social, principalmente em tempos de desinformação em massa.

“Trabalho com infecções na gestação e até hoje temos que incentivar as gestantes a se vacinarem, a atualizarem suas doses de reforço e a vacinar suas crianças. A desinformação foi tão forte na pandemia que ainda está reverberando, então, como cientistas, vemos a importância da divulgação em massa, de fazer a informação chegar para as pessoas e fazer isso de forma eficaz, com uma linguagem acessível, para tentar diminuir essa desinformação no mundo todo”, reforça Carolina. 

 

A pesquisa traz também, na visão da profissional, uma transformação social. “O foco do meu mestrado foi levar uma melhoria da saúde para a comunidade, treinar profissionais em formação nas competências culturais e na responsabilidade social. Esse é o tipo de pesquisa que eu gosto de fazer, para dar respostas àquilo que a gente tá vendo. É muito importante que a ciência também traga os caminhos e as respostas do que precisa ser feito e fazer com que essa melhoria chegue à população”, completa a profissional. 

Leia aqui a dissertação de mestrado de Carolina Damásio

Ocupando todos os espaços

Erika Garcia é engenheira biomédica e mestranda no Programa de Pós-graduação em Neuroengenharia do ISD. No mestrado, sua pesquisa tem foco no desenvolvimento de um sistema voltado para reduzir ataques epilépticos unindo a programação, a análise de dados e a utilização de hardware. O projeto passa pela análise da conectividade cerebral em regiões relacionadas à crises epilépticas, permitindo o monitoramento em tempo real, e pela união de um algoritmo a um eletroestimulador, que é ativado cada vez que a crise epiléptica acontece. 

 

 

Erika observa que, enquanto mulher pesquisadora da área das ciências exatas e da tecnologias, ainda há barreiras para conquistar visibilidade e credibilidade dentro da área acadêmica e científica e na própria dinâmica de trabalho, e acredita ser uma necessidade constante ocupar esses espaços.

“No início, não acreditava no potencial de desenvolver esse projeto, precisei lutar para fazer o que eu queria na área que queria. A gente muitas vezes duvida de si mesma, mas é importante continuar fazendo. É importante incentivar, desde a infância, que existem espaços na ciência e que eles devem ser ocupados por mulheres”, reforça. 

Unido a teoria à prática

A união da vivência clínica e de pesquisa faz parte da realidade de Caroline Cunha do Espírito Santo, fisioterapeuta e professora pesquisadora do ISD. No início de sua formação, a profissional tinha em mente apenas a atuação como fisioterapeuta. Com o tempo, surgiu a vontade de ser professora, e, com isso, uma formação em neurociência e iniciação na pesquisa e produção científica.

Atualmente, a profissional realiza pesquisas sobre a doença de Parkinson e a lesão medular espinal, voltadas para a recuperação de marcha e da caminhada por meio de assistências externas, como a estimulação elétrica funcional. Esse trabalho tem caráter translacional, envolvendo um fluxo de informações que passa por diferentes aplicações e áreas de pesquisa, das bancadas de laboratório às salas de reabilitação. 

“A neurociência foi importante por trazer conceitos e ferramentas que antes eu não tinha e podem ser aplicados à minha prática clínica. Nós temos esse contato multidisciplinar, tive a oportunidade de trabalhar com biólogos, educadores físicos e farmacêuticos, de relacionar os conceitos científicos com o que acontece e observo na prática, tudo isso dentro da neurociência”, conta. 

Cientista “desde pequenininha” 

Desde criança, Ana Júlia Lopes sonhava em ser cientista, inventar e pensar “fora da caixinha”. Uma das portas de entrada para realizar esse sonho foi a 1ª Feira de Ciências e Mostras Científicas do ISD, na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em 2022. A estudante venceu uma das premiações do evento e se tornou a aluna de Iniciação Científica do Instituto.

O projeto premiado foi o aplicativo Sinensi, voltado para o desenvolvimento cognitivo de crianças com TDAH, impulsionando a coordenação motora, memória e outros aspectos. O produto foi seu primeiro contato com a produção científica, e a estimulou a aprender sobre programação, design e tecnologia. Atualmente, no ISD, pesquisa sobre a realidade virtual no processo de reabilitação.

Para a estudante, o incentivo e as possibilidades de aprendizado são transformadores. “Faz toda a diferença ouvir ‘é possível fazer isso’. Não é porque você tem 16 ou 17 anos que não pode, você pode aprender qualquer coisa que você quiser, desde que você tente. Eu percebi que posso aprender coisas avançadas e não preciso ficar limitada a um tipo só de conhecimento”, conta. 

Texto: Naomi Lamarck / Ascom – ISD

Fotos: Ascom ISD

Assessoria de Comunicação
comunicacao@isd.org.br
(84) 99416-1880

Instituto Santos Dumont (ISD)

É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

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 No Instituto Santos Dumont (ISD), a pesquisa e produção científica estão presentes na realidade de mulheres em todas as áreas de atuação, das preceptoras às mestrandas. Conheça a trajetória e produção de cinco representantes do Instituto que, em suas diferentes áreas e momentos de vida, contribuem para tornar o espaço científico mais rico e diverso:

Ciência na comunidade, para a comunidade

A educação popular sempre foi algo que chamou a atenção de Sarah Lima, psicóloga e residente no Programa de Residência Multiprofissional no Cuidado à Saúde da Pessoa com Deficiência do ISD. Como tema de seu Trabalho de Conclusão da Residência (TCR), escolheu investigar de forma histórica e geracional a brincadeira e o desenvolvimento infantil na comunidade quilombola de Capoeiras, na área rural de Macaíba. “Buscamos saber sobre como eram as brincadeiras antigamente e como passam de uma geração para a outra, que é um fator cultural muito importante para entender como isso se relaciona ao desenvolvimento dessas crianças”, explica. 

 

Segundo Sarah, a metodologia utilizada, a Tradução do Conhecimento, permite caracterizar o que é a brincadeira, estimulando a comunidade e a escola a unirem o ato de brincar à tradição quilombola. A pesquisa passa pelo questionário com pais e responsáveis, observação das crianças e caracterização do contexto geracional, retornando para a escola uma base de como as brincadeiras podem ser aplicadas para estimular o aprendizado e desenvolvimento.   

 

A vivência da pesquisa qualitativa é, para Sarah, desafiadora, mas fundamental, por existir o contato direto com o dia-a-dia e o desenvolvimento das pessoas da comunidade de Capoeiras. “A ciência produzida na comunidade é um dos tipos mais complicados e importantes. Um grande desafio das ciências humanas e sociais, uma grande responsabilidade, é lidar diretamente com a vida das pessoas, com a comunidade. Envolve uma necessidade de adequação, de competência cultural, de sair da lente que a gente usa normalmente e perceber pela lente do outro”, pontua. 

Ciência com responsabilidade social 

Para a médica Carolina Damásio, preceptora infectologista do ISD, o interesse em unir a pesquisa científica ao atendimento clínico se intensificou após atuar na linha de frente à Covid-19. A pandemia foi, para Carolina, um “divisor de águas”, e a atuação da ciência e dos pesquisadores estimularam sua carreira científica. Para Carolina, a pesquisa se distingue tanto por conseguir alcançar mais pessoas, como por sua responsabilidade social, principalmente em tempos de desinformação em massa.

“Trabalho com infecções na gestação e até hoje temos que incentivar as gestantes a se vacinarem, a atualizarem suas doses de reforço e a vacinar suas crianças. A desinformação foi tão forte na pandemia que ainda está reverberando, então, como cientistas, vemos a importância da divulgação em massa, de fazer a informação chegar para as pessoas e fazer isso de forma eficaz, com uma linguagem acessível, para tentar diminuir essa desinformação no mundo todo”, reforça Carolina. 

 

A pesquisa traz também, na visão da profissional, uma transformação social. “O foco do meu mestrado foi levar uma melhoria da saúde para a comunidade, treinar profissionais em formação nas competências culturais e na responsabilidade social. Esse é o tipo de pesquisa que eu gosto de fazer, para dar respostas àquilo que a gente tá vendo. É muito importante que a ciência também traga os caminhos e as respostas do que precisa ser feito e fazer com que essa melhoria chegue à população”, completa a profissional. 

Leia aqui a dissertação de mestrado de Carolina Damásio

Ocupando todos os espaços

Erika Garcia é engenheira biomédica e mestranda no Programa de Pós-graduação em Neuroengenharia do ISD. No mestrado, sua pesquisa tem foco no desenvolvimento de um sistema voltado para reduzir ataques epilépticos unindo a programação, a análise de dados e a utilização de hardware. O projeto passa pela análise da conectividade cerebral em regiões relacionadas à crises epilépticas, permitindo o monitoramento em tempo real, e pela união de um algoritmo a um eletroestimulador, que é ativado cada vez que a crise epiléptica acontece. 

 

 

Erika observa que, enquanto mulher pesquisadora da área das ciências exatas e da tecnologias, ainda há barreiras para conquistar visibilidade e credibilidade dentro da área acadêmica e científica e na própria dinâmica de trabalho, e acredita ser uma necessidade constante ocupar esses espaços.

“No início, não acreditava no potencial de desenvolver esse projeto, precisei lutar para fazer o que eu queria na área que queria. A gente muitas vezes duvida de si mesma, mas é importante continuar fazendo. É importante incentivar, desde a infância, que existem espaços na ciência e que eles devem ser ocupados por mulheres”, reforça. 

Unido a teoria à prática

A união da vivência clínica e de pesquisa faz parte da realidade de Caroline Cunha do Espírito Santo, fisioterapeuta e professora pesquisadora do ISD. No início de sua formação, a profissional tinha em mente apenas a atuação como fisioterapeuta. Com o tempo, surgiu a vontade de ser professora, e, com isso, uma formação em neurociência e iniciação na pesquisa e produção científica.

Atualmente, a profissional realiza pesquisas sobre a doença de Parkinson e a lesão medular espinal, voltadas para a recuperação de marcha e da caminhada por meio de assistências externas, como a estimulação elétrica funcional. Esse trabalho tem caráter translacional, envolvendo um fluxo de informações que passa por diferentes aplicações e áreas de pesquisa, das bancadas de laboratório às salas de reabilitação. 

“A neurociência foi importante por trazer conceitos e ferramentas que antes eu não tinha e podem ser aplicados à minha prática clínica. Nós temos esse contato multidisciplinar, tive a oportunidade de trabalhar com biólogos, educadores físicos e farmacêuticos, de relacionar os conceitos científicos com o que acontece e observo na prática, tudo isso dentro da neurociência”, conta. 

Cientista “desde pequenininha” 

Desde criança, Ana Júlia Lopes sonhava em ser cientista, inventar e pensar “fora da caixinha”. Uma das portas de entrada para realizar esse sonho foi a 1ª Feira de Ciências e Mostras Científicas do ISD, na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em 2022. A estudante venceu uma das premiações do evento e se tornou a aluna de Iniciação Científica do Instituto.

O projeto premiado foi o aplicativo Sinensi, voltado para o desenvolvimento cognitivo de crianças com TDAH, impulsionando a coordenação motora, memória e outros aspectos. O produto foi seu primeiro contato com a produção científica, e a estimulou a aprender sobre programação, design e tecnologia. Atualmente, no ISD, pesquisa sobre a realidade virtual no processo de reabilitação.

Para a estudante, o incentivo e as possibilidades de aprendizado são transformadores. “Faz toda a diferença ouvir ‘é possível fazer isso’. Não é porque você tem 16 ou 17 anos que não pode, você pode aprender qualquer coisa que você quiser, desde que você tente. Eu percebi que posso aprender coisas avançadas e não preciso ficar limitada a um tipo só de conhecimento”, conta. 

Texto: Naomi Lamarck / Ascom – ISD

Fotos: Ascom ISD

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É uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.

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